Capítulo 37

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Eu andava meio de vagar pelo corredor da casa, olhava para alguns quadros que estavam pendurados na parede, eu estava voltando para a cozinha para encontrar as meninas, mas quando cheguei lá só encontrei Kendra e Vicki já limpando a mesa e guardando tudo.

- Vai contar pra gente o que aconteceu? - Kendra pergunta assim que me vê.

- Ah, é só os ataques de bipolaridade da Sharon, o de sempre... - Solto um suspiro enquanto passo a mão na testa.

- Aham, tá bom... - Vicki para o que estava fazendo e fica me olhando.

As duas ficam me olhando por um tempo com expressões sérias.

- Que foi? - Pergunto sem entender a situação.

- Abre logo o jogo. - Vicki dá uma intimação.

- Abrir o jogo? Não tô entendendo. - Me faço de desentendida.

- Nós sabemos que você está escondendo algo e não é só você, parece que Sharon também sabe de algo, o que vocês duas tanto ficam de segredinho em? - Agora Kendra acusa.

- Segredinho? Eu não sei de nada, vocês duas estão equivocadas de mais. - Vou me afastando até chegar na porta para o corredor dos quartos. - Acho que vou ver como está a Amy.

Dou as costas para elas e ando o mais rápido possível para não gerar mais perguntas em que eu não consiga responder, na verdade, perguntas em que eu não posso responder no momento por culpa da Sharon. Ao chegar na frente do quarto de Amy olho em volta para ver nenhuma das meninas estavam ali para me interrogar novamente, bato na porta esperando pela resposta, mas para minha surpresa não obtive resposta, bati mais uma vez e nada dela abrir a porta então eu entrei no quarto e o encontrei completamente vazio, até banheiro e closet não havia sinais dela, comecei a ficar preocupada por conta do sumiço dela, olho para a janela que estava aberta e vou até ela e a terra abaixo da janela estava com pegadas e então percebo que alguém passou por ali, parece que Amy saiu pela janela, mas a pergunta que permanecia em minha cabeça era "para onde ela iria?", eu precisava encontra-la o mais rápido possível, não sabia pra onde foi, mas tinha um palpite de seu caminho. Saio do quarto e vou direto para a sala pegando as chaves do carro e saindo de casa, por sorte nenhuma das três me viu, mas vão ouvir o barulho do motor do carro. Dei partida e saí pela rua a procura dela, não havia casas por onde morávamos, então eu tinha uma certa esperança de achá-la, não demorou muito para avistar alguém pela beira da estrada e meu palpite estava certo. Ela estava andando calmamente pela estrada e então passo um pouco por ela e encosto o carro na frente dela, saio do carro batendo a porta com força e ela parecia meio assustada e surpresa por me ver ali.

- O que faz aqui? - Ela pergunta.

- Eu que devia te perguntar isso. - Devolvo.

- Estou apenas passeando...

- Sozinha e na estrada a essa hora? - Pergunto.

- Vocês não iam me deixar sair. - Diz ela baixando um pouco a voz.

Por um lado não posso culpá-la, essa mudança na vida dela foi muito radical, por mais que queríamos protegê-la, estávamos à prendendo de mais e contra sua vontade, eu também não podia deixar que ela andasse livremente por aí sozinha.

- Entra no carro. - Ordeno.

- Como é? - Ela devolve com uma pergunta.

- Você me ouviu, entra no carro e eu não estou pedindo. - Falo saindo da frente dela para ir ao carro.

- E se eu não quiser? - Ela me enfrenta.

- Então eu vou ter que pôr nele a força. - Falo.

- Quero ver você tentar. - Ela desafia se afastando um pouco.

Olho um pouco para ela de cima a baixo e vejo uma certa diferença, eu era mais alta que ela e ela estava me desafiando.

- Você sabe que eu sou mais forte que você né? - Pergunto.

Após a pergunta eu apenas me abaixo rapidamente e agarro suas pernas, me levanto e a deito sob meu ombro e caminho lentamente de volta para o carro.

- ME SOLTA! - Ela gritou batendo em minhas costas.

- Infelizmente não posso fazer isso. - Falo já chegando perto do carro.

Ela se debatia cada vez mais em meu ombro só que não adiantava nada, quando chego na frente da porta do passageiro eu a abro e consigo por Amy no chão, ela tenta me empurrar, mas não consegue.

- Entra no carro. - Ordeno, mas a vejo balançar a cabeça em não. - Agora. - Dou a segunda ordem.

Ela fica parada por um tempo, mas logo entra no carro se rendendo de vez, fecho a porta e dou a volta no carro e entrando também, após entrar eu travo as portas do carro e fico em silêncio por um tempo até perceber que o silêncio parecia estar incomodando ela.

- Quer falar alguma coisa? - Pergunto.

- Não tenho nada para falar... - Ela responde cabisbaixa.

- Certeza? - Insisto.

- Não, não tenho certeza, vocês me prendem na casa de vocês e querem que eu fique bem com isso? - Ela vai soltando. - Vocês tomam as decisões da minha vida como fosse a de vocês, parece que agora eu não tenho mais opinião e nem controle sobre minha vida!

Fico surpresa pelas coisas que ela disse e realmente não podia culpá-la por isso, mas um enorme peso caiu sob meus ombros naquele momento.

- Eu não sabia que você estava se sentindo assim... Eu sinto muito...

- Pois sinta mesmo.

- Nós só queríamos te proteger. - Tento amenizar.

- Me prendendo? - Ela pergunta.

- Olha, me desculpa, a gente realmente não sabia...

- Não sabia? Vocês pareciam bem cientes do que estavam fazendo, tem muita coisa que deixei pendente depois que vocês me arrastaram pra cá. - Ela faz uma chuva de palavras.

Ela para um pouco e olha para fora, parecia estar se segurando para não chorar, respiro fundo e ligo o carro saindo dali e seguindo viagem em direção a cidade, mais para frente havia duas saídas, uma que dava para a cidade e a outra que se afastava cada vez mais e eu acabei pegando a segunda saída.

- Pra onde está me levando agora? - Ela pergunta.

- Espere e verá. - Falo.

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