2° O sequestro de Maisa

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**Mônica**


Estávamos na sala, a professora precisou sair por alguns minutos. Ela disse pra ficarmos em silêncio, mas foi só ela dar as costas pra bagunça começar.

Eu e minhas amigas riamos sem parar do Gasparzinho.

- Ei! Gasparzinho! Por que tem esse cabelo tão comprido e esquisito? Vai atuar em um filme de terror?

Gasparzinho – Atuar? Acho que é isso que você faz todos os dias quando finge ser uma coisa que não é, mas no fundo você só é uma vagabunda que faz de tudo por reconhecimento e mimasão.

Fiquei chocada.

Ele nunca tinha respondido nenhuma das minhas brincadeiras, muito menos ter falando assim comigo, Aliás, ele nunca dirigiu alguma palavra para mim.

Todos os alunos da sala ficaram quietos, tudo ficou em um completo silêncio agoniante que durou apenas alguns segundos, mas pra mim pareciam horas.

Via os olhos de todos sobre mim, provavelmente esperando alguma resposta.

Me levantei da onde eu estava sentada e dei passos lentos até o final da sala onde ele estava sentado.

- Escuta bem oque vou falar seu moleque! Você como muitas pessoas sentem inveja da minha vida perfeita... mas tudo bem eu não te julgo: além de ser feio, é horroroso, não tem amigos e só tem dinheiro nessa vida porque seus pais lhe adotaram! – rio debochada – você é a PORRA de um bastardo que nem a puta da sua mãe te quis. Faça um favor, corte pelo menos esse cabelo ridículo antes de falar comigo de novo, talvez assim de pra ver esse rosto maldito que tanto esconde!

Voltei para o meu lugar e me sentei novamente.

Larissa – Arrasou! – sorrir.

A professora voltou para a sala e retornou com a aula, em algum momento da aula olhei rapidamente para trás e vi Gasparzinho chorando.

Chorando.

Só deu pra perceber mesmo por conta dos pingos de lágrimas caindo em sua mesa.

*************

Era final da última aula, faltavam 10 minutos para o sinal tocar. Ainda estava com muito ódio dele!


“Filho da puta!”


Sou meio inquieta quando o assunto é maldade. Bom... e faz um tempo desde que não faço nada, já tem uns 20 dias que enfiei a cara da Carolina dentro da privada.


Trriiinn!! Trriiinn!!


O sinal tocou. A professora saiu juntos com alguns alunos e já tinha dado o sinal para o Erik amigo meu não deixar Gasparzinho sair.

Ficou só minhas cinco amigas, Erik, Gasparzinho e eu. Larissa e Jennifer estavam na porta vigiando.

- Gasparzinho, decidi ser boazinha com você – falo pegando uma tesoura – eu vou dar um trato nesse cabelo esquisito pra você!

Bruna, Andreia e eu começamos a cortar seus longos fios loiros. Ele não se movia nem falava nada, só abaixou a cabeça mais ainda.

Seu cabelo sumia cada vez mais, o corte torto o deixava ainda mais ridículo, minhas amigas e eu vendo a cena riamos até a barriga doer.

Larissa que estava vigiando se apressa ao falar:

Larissa – O tio da limpeza está vindo!

Andreia – Vamos dar o fora!

Todos saíram correndo pra fora da sala, eu andei normalmente até a porta e antes de me retirar do local olho para Gasparzinho friamente, e ele continua com a cabeça baixa com apenas alguns fios de cabelo restante sobre o seu rosto.

Deu pra ver um pouco do seu rosto pálido e a boca fina.

- Dá próxima vez que me confrontar corto outra coisa lá em baixo!

Saio com a cabeça levantada e antes de bater a porta vejo um pequeno sorriso de lado surgindo em sua boca.

************

Alguns dias depois...

Alguns dias se passaram depois do acontecido, e não vi Gasparzinho desde então. Na verdade eu nem percebi direito sua ausência. Tanta gente desnecessário que já passou na minha vida que hoje em dia não lembro nem o nome, muito menos a cara!

Eu estava tendo um dia aparentemente normal. Estava na escola, era hora do intervalo e eu tinha costume de ficar no pátio conversando com minhas amigas.

O meu telefone toca fazendo a meninas pararem de rir, o retiro do bolso da calça e atendo:

- Oi paizinho!

Pai – Filha você está bem? – disse com um tom de desespero.

- Sim pai, estou bem. Oque houve?

Pai – Sua irmã..

- Oque tem ela? – entro em desespero.

Pai – Ligaram da escola dizendo que ela sumiu de repente.

A minha respiração começou a ficar mais profunda e rápida, não escutei mais nada depois disso, as vozes das minhas amigas e do meu pai estavam muito longe e sem perceber deixo meu celular cair no chão.

Meus olhos começaram a escurecer e meu corpo amoleceu rapidamente.

Já não vi mais nada!

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Tortura no Cárcere - Síndrome de Estocolmo Where stories live. Discover now