Capítulo Oito

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Alicia Hargroove

Assim que pude fugir dos preparativos para o festival, visitei as masmorras para dar as boas novas para Phoenix. O número de guardas parecia ter dobrado e os criados corriam pelos corredores tentando terminar de arrumar tudo a tempo da abertura dos portões.

Ao parar na frente da cela do mais novo cidadão liberto de Nyark, sorri.

― Ora, ora ― ele assobiou. ― A que devo a honra de uma visita particular da princesa, hein? Que guarda os dentes eu chutei, as costelas eu quebrei ou as bolas eu machuquei para que a nova queridinha desse lugar viesse até mim?

Phoenix era um rapaz bonito, se você gostava de homens, é claro. Os cabelos pretos e encaracolados estavam longos, provavelmente pelo tempo gasto dentro da cela, a pele ainda bronzeada mesmo sem ver o sol e o lábio partido, o olho roxo e os braços com hematomas não faziam nada para diminuir o fato de que ele poderia ser modelo em uma outra vida.

― Vim te contar sobre o acordo que consegui para você ― inspecionei minhas unhas tentando fingir não ter interesse em sua reação.

― Conte-me tudo sobre isso. ― Ele segurou as barras as usando para se aproximar de mim, o que fez com que o guarda próximo endurecesse, mas o deixei descansar com um movimento de mão.

― Você será um homem livre, poderá trabalhar para ganhar seu próprio sustento, como qualquer um aqui, ― toquei meu queixo antes de propor: ― pode até trabalhar aqui no palácio, se quiser.

― E qual é a amarração? ― cuspiu. ― Para qual demônio devo vender minha alma para poder sair desse buraco?

― Nenhum demônio ou amarração, eu consegui um acordo limpo, você só precisa andar na linha, não sei, talvez aprender a respeitar figuras de autoridade ― dei um sorriso torto. ― Considere isso como uma condicional ― usei a palavra humana para fazê-lo entender ― serei responsável por te supervisionar até que você ganhe a confiança de todos, então pense que você só tem a ganhar se executar nosso acordo. Você consegue sua liberdade e mantém minha reputação de, como foi mesmo que você disse? Queridinha desse lugar?.

― E quando eu posso sair desse poço do inferno, princesa herdeira? ― ele sorriu, a gengiva cortada e inchada.

― Assim que o Festival dos Amantes acabar ― apontei para a janela da sua cela. ― Pense bem, Phoenix, dificilmente você terá uma outra oportunidade como essa.

Com meu discurso de efeito terminado, me afastei e ao passar pela cela do meu prisioneiro, pausei:

― Você ouviu isso, Atlas? Viu o que eu consegui fazer por ele? Pense só no que eu posso fazer por você se apenas me disser quem me quer morta.

Seus olhos brilharam, cheio de lágrimas, mostrando sua idade muito mais do que seu rosto fazia:

― Sinto muito, princesa.

Dei de ombros:

― Quando mudar de ideia é só mandar me chamar, minha oferta vai continuar de pé.

Saindo da masmorra, notei que ainda tinha algum tempo livre antes do meu compromisso com o Alfaiate Real, então decidi tirar aquela história a limpo com Dione.

Fui seguida de perto pelos meus guardas, até a entrada do Templo da Água, mas apesar de ter amor a minha vida, aquilo já estava me tirando do sério:

― Vocês podem esperar aqui ― anunciei.

― Mas kyria... ― um deles tentou argumentar.

― Você está insinuando que um Sacerdote de Cenan pode tentar me matar?

When The Light Guide UsWhere stories live. Discover now