❦MEDONHO❦

11 0 0
                                    


•˙Cassidy Parker ˙•

Olho o horário no celular que despertou pela terceira vez, levanto apressada acidentalmente derrubando as diversas almofadas amarelas e o cobertor ao chão, retiro o pijama de corações verde o jogando em algum canto do corredor branco.
Desembaraço o cabelo o prendendo num rabo baixo soltando duas mexas deixando cada uma a frente das orelhas. Aprecio no espelho as maçãs do meu rosto e lábios ambos pálidos por estar esfomeada e esse horário ser um pouco frio. Trajo uma calça legging justa preta com uma blusa larga grande azul escura com desenhos abstratos fortemente coloridos no meio, bem simples, o uniforme fica no armário da empresa.
Caso me atrase mais uma vez serei demitida deste "glorioso" emprego que diariamente me alimenta. Entro sem demora no banho quente lavando com uma certa velocidade meu corpo magro, passo os hidratantes e outros produtos para minha pele ficar macia. Não é porque sou faxineira que não posso ter a pele macia. Certo? Certo.

Apanho minha bolsa de pano correndo até a cozinha. Os móveis iluminados pela luz das seis da manhã trazendo uma sensação reconfortante. Passo pela sala abrindo as janelas clareando mais todo o apartamento, avisto – pela altura que estamos no prédio – carros na avenida principal já apressados para o trabalho, me distraio ao aspirar o aroma do café da manhã que aumentou mais minha fome mas eu não teria tempo de me alimentar.

Chego na cozinha me segurando para não sentar na cadeira e me atrasar para o trabalho por me empanturrar de torradas com bacon e ovo ou pelo delicioso cereal mergulhado no leite morno e no final um suco de laranja natural frio para afastar o terrível sono. Ando até atrás da bancada para abraçar Mindy.

– Bom dia gostosita. – Dou um beijo estalado na testa de Melinda vendo ela tentando deixar os medianos cabelos castanhos fora de seu rosto. Ela já é fofinha, vestida com um pijama de stich então... me deixou com vontade de mordê-la mas sei que pelo horário da manhã e a fome que deve estar, ela com certeza me daria um tapa.

– Bom dia Cassizinha. Ei mocinha, vai aonde?

– Trabalhar, eu tô estourada de atrasos e já estou em cima da hora. – Choramingo.

– Nada disso. Come alguma coisa antes, vai passar mal. – Apoia as mãos na cintura parecendo meu chefe quando está bravo comigo.

– Hoje eu não vou poder Mindy, tenho que ir.

Encosto a mão na superfície fria de ferro a girando quase abrindo a porta porém estagno quando ouço um grito da fofa voz de Mindy. Ela nunca fica brava mas quando está, confesso me amedronta.

– Come, Cassidy, agora! – Fala franzindo o cenho. Pego uma torrada enfiando na boca.

– Estou comendo, ok? Tchauzinho. – Aceno com os dedos.

– Vão te deixar entrar na empresa sem os sapatos? – Diz enquanto ri.

– Inferno! Não ri não, stich mau. – Aponto para ela fazendo a mesma tampar a boca na tentativa de parar de rir e falhar miseravelmente. Acabo soltando uma risada junto da sua.

Movo meu corpo com pressa até a sapateira pegando algum dos tênis envelhecidos. Saio disparada do apartamento socando o botão do elevador, eu sou o desastre em pessoa, entro na caixa de metal esperando que rápido ele desça. Ao sair do prédio a luz do sol aquece e ilumina minha pele, sorrio, que dia calmo. Assobio para um táxi que freia rapidamente, entro lhe dizendo o endereço da empresa e logo estamos na estrada. Tudo estava dando certo até pararmos entre vários carros buzinando, olho no relógio do celular vendo cinco minutos para eu ganhar mais uma advertência ou demissão, estou muito longe da empresa. E esse trânsito logo de manhã não colabora muito.

– Nunca vou chegar. Pisa fundo moço. – Cutuco seu ombro disparadamente e o mesmo os remexe tentando me afastar.

Ouço um suspiro mal humorado vindo do homem de aparentemente cinquenta anos, os cabelos medianos quase grisalhos com poucas ondas emaranhados voando com o pouco vento que vinha da pequena fresta aberta da janela. Os óculos de grau grossos quase na ponta do nariz avermelhado – por já ter espirrado duas vezes e de tanto funga-lo – e trajava uma velha camiseta de um jogo de tênis famoso dos anos sessenta, impossível de dizer qual cor tinha por parecer ter usado muitas vezes.

Chamas SedutorasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora