❦PEQUENOS DETALHES❦

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Pego a chave encima da bancada e o tilintar do chaveiro vermelho me acompanha por tudo o caminho até o saguão do prédio. A decoração rústica e esbranquiçada e antiga compunha o lugar, a luz amarelada – causada por abajures pendurados em quase todas as paredes –, me preenchia com uma sensação de lar, e era isso... meu lar. Cumprimento com um aceno leve de cabeça para o porteiro, um senhor que sempre me solta um sorriso cativante. Corro com o olhar pelo local vendo Sebastian acomodado em uma das poltronas estofadas, enquanto lia uma revista sobre empresas. Pigarreio parando na sua frente, com raiva pelo horário em que viera me incomodar.

Seu olhar azulado sobe até os meus e ele sorri brincalhão com minha expressão.

– Boa noite, Cassie.

Bufo quase considerando arremessar um vaso na cabeça do idiota à minha frente.

– Uau, achei que tivéssemos um combinado. – Comenta de modo irritante.

– Esse combinado se aplica aos horários comuns de se visitar uma pessoa. – Explico a ponto de quase explodir.

– Aliás, o carisma daquela sua amiga é de impressionar qualquer um... não me espanta que a amizade de vocês tenha dado tão certo.

Mostro a língua para ele e viro de costas.

– Se veio aqui para me insultar então nem me darei o trabalho de te chamar para subir. – O aviso sem qualquer delicadeza. 

Ouço o arremessar da revista sob a pequena mesa de madeira e logo depois seus passos depressa até mim antes que eu chegue ao elevador. Podia jurar ter escutado o derrapar de seus sapatos, como se tivesse escorregado. O ar é cortado quando para ao meu lado.

– Eu adoraria. – O olho confusa e pendo a cabeça.

– Como?

– Subir.

– Eu o convidei, por acaso?

– Eu sei como adora minha presença em sua vida, não precisa desperdiçar muitas palavras para demonstrar tal coisa.

Acompanho suas passadas despreocupadas até entrar no elevador, xingo-o mentalmente e adentro a caixa. O aroma de baunilha invadiu por completo o pequeno lugar. Ficamos em silencio durante todo o trajeto até meu apartamento, e quando finalmente chego à frente da porta, aguardo uns minutos antes de abrir apenas para explicar algumas coisas a ele.

– Tenta ser menos enxerido. Ou Brooke vai arremessar uma frigideira na sua cabeça. – Comunico vendo seu olhar de serenidade. – E, posso lhe assegurar, que ela tem mais coragem do que eu. – Sussurro e um sorriso lascivo surge no rosto de Bast.

Destranco a porta revelando um apartamento escuro e silencioso. Encontro o olhar dele que observava cada metro quadrado. Não havia nada luxuoso demais – por mais que Brooke e Mindy fossem milionárias, os pais querem que as mesmas aprendam a se virar sozinha, mesmo que ao aparecer qualquer probleminha eles mandassem uma "ajudinha" extra. –, a televisão antiga, os móveis retrôs alguns cremes outros de madeira, vasos de flores e plantas diversas. Ele apanha nas mãos um quadro com nós três, num passeio de escola ao museu de história natural em Los Angeles.

– Parecia alegre. – Comenta tocando com o dedo indicador o vidro da imagem. É, eu estava. Abaixo o olhar encarando meus dedos sendo estralados com uma força brutal. – Ah... eu não...

Puxo o quadro de suas mãos, pondo-o no lugar que nunca deveria ter saído.

– O que eu falei sobre parar de ser enxerido? Pelo menos por algumas horas. – Ele me olha com pesar no olhar, o ignoro. Não preciso que tenha pena de mim, muito menos que saiba algo de mim. – O que quer comigo?

Chamas SedutorasWhere stories live. Discover now