Quem poderia Imaginar

Em família

Continuação do capítulo anterior....

PIETRO MONTELLATO

Quando estava prestes a colocar os meus pés para fora da mansão a voz de Katherine me fez parar. Me virei para trás a tempo de vê-la secando o rosto como se tentasse apagar a todo custo os resquício de seu choro a segundos atrás.

-Antes de ir quero saber mais a respeito do que disse sobre Laura.- ela fez uma pausa e suspirou.- Ela costumava falar sempre sobre a forma como se sentia a meu respeito?

-Isso era o que ela mais fazia quando estávamos a sós, ela dizia que eu era a única pessoa que ela confiava para se abrir e contar toda a verdade.

-Então tudo o que eu fiz pensando no melhor para ela somente a fez sofrer?

-Sinto muito por ter percebido isso tão tarde, mas sim Katherine, as suas atitudes refletiram de modo negativo em Laura, e por mais que eu a aconselhasse a conversar com você ela sempre me respondia que não valia a pena pois você nunca a escutava.

-Mas é claro que eu escutava...

-Existe uma grande diferença entre escutar algo e realmente entender o que a pessoa está tentando dizer, ela se sentia incompreendida, porque você só a via como uma jovem rebelde que não se importava com nada.

Katherine fechou os olhos por alguns segundos e colocou a mão sobre seu peito.

-P-por que não me contou isso antes?

-A senhora nunca me deu chance, sempre que me via estava ocupada demais me culpando e julgando, como eu poderia te dizer todas essas coisas?

Ela ficou em silêncio e balançou a cabeça.

-Você está certo.- Ela levantou o rosto e olhou diretamente em meus olhos e eu pude perceber que agora ela estava entendendo o motivo de eu estar aqui.

-Eu preciso ir Katherine essa é uma conversa muito dolorosa para nós dois e eu não quero prolongá-la.- Ela apenas assentiu e permaneceu em silêncio.

Girei a maçaneta da porta e sai de dentro da mansão fechando a porta logo atrás de mim. Inspirei o ar e o soltei me sentindo mais leve por ter dito muitas coisas que estavam presas dentro de mim todos esses anos.

[...]

-Sim mãe o motorista já veio me buscar.

-Falta muito para chegarem? Estou com saudades filho.

-Calma mãe em menos de dez minutos estarei aí.

-Tudo bem o jantar já está quase pronto, mandei prepararem tudo o que você mais gosta.

-Isso é ótimo mãe muito obrigado! Agora irei desligar daqui a pouco nos falamos.

-Tá bom filho, beijo.

Encerrei a ligação e suspirei.

Estou a caminho da casa dos meus pais, quando minha mãe soube que eu viria para Londres ela me fez prometer que reservaria um momento para ir visitar e agora aqui estou eu, minha mãe fez questão de mandar o motorista vir me buscar na porta do hotel.

Todas as vezes que venho para Londres são viagens curtas referentes a trabalho e eu evitava visitar meus pais porque queria evitar perguntas inconvenientes sobre minha vida pessoal. Desde que me mudei para o Brasil com Sabrina ainda pequena eles ficaram indignados com minha decisão, eu era jovem e pai solteiro porque eu deveria ir para outro país? Sendo que poderia ficar e ter o apoio da família. Eles não entendiam mas era uma questão de honra para mim voltar para o Brasil e mostrar a todos que eu era capaz de criar minha filha e ainda assim conquistar todos os meus objetivos.