ιβ

388 7 0
                                    

Abrindo os olhos, Sigmund se viu às margens de um rio.

Estava trêmulo e dolorido. A enegrecida e amarga água do rio o enjoou e ele só virou de lado, pondo toda a água ingerida para fora.

Ofegante, deitou com a barriga para cima. A dor amenizou. Ele tentou levantar, mas não tinha forças. Não insistiu, se arrastando até o monge que dormia, mas já não parecia profundamente dormente.

É hora de acordar, monge! — chamou, concentrando-se e usando sua sinfonia para estimular seu despertar.

O monge acordou, expelindo a água do rio.

Seu desgraçado preguiçoso! — comemorou, ainda irado.

— Desgraçado preguiçoso? — perguntou o monge, tonto, fazendo careta pela amargura que impregnava seu paladar.

Eu te odeio, já disse isso, monge? — indagou, tentando se levantar, sem sucesso. — Ótimo! Agora o inútil sou eu! — ironizou.

— Seus olhos estão vermelhos, isto é normal?

Claro! Pelo que entendi, estou louco... temos que atravessar, se entendi a mensagem direito.

— Atravessar o q- — O monge se interrompeu, olhando ao redor. — Tinha um rio aqui!? Uau! — pasmou.

Creio que não estamos no lugar que está pensando...

— Onde estamos!? Por que nós... se o corpo é um? O que houve?

Emancipação... compreendi perfeitamente! — Sigmund riu.

— O que compreendeu? Onde estamos? Está mesmo louco?

Não sei onde estamos. Segundo o canto, Lete... ou Estige... não sei o que são. Posso afirmar não estarmos fisicamente. Althea e Aldous estão lidando com as coisas que estavam em nós.

— Morremos? Estamos morrendo?

Sim e não — riu, suspirando e recorrendo à energia para levantar, com extrema dificuldade. — Poderia usar sua ajuda, monge!

Agilmente, ele se aproximou, passando o braço em seus ombros. Sigmund encostou a fronte na fronte dele, olhando-o nos olhos.

Temos duas escolhas, ir ou morrer. O que quer?

— Assim é apavorante — respondeu, intimidado —, não sei se devo optar ou se estou sendo ameaçado!

Tsc. Medroso! Última oportunidade, senão escolho eu!

— Não quero morrer! — pediu, rapidamente.

Não se esqueça que escolheu isto!

— Você quer morrer!? — pasmou o monge.

Não, mas lembre de suas escolhas. Não posso morrer, ela fez muito e não sou ingrato. Vamos! — falou, envolvendo a cintura do monge com seu cabelo e dando um nó. — Assim não se afogará... do jeito que é estúpido, o risco é bem alto!

— Aonde estamos indo?

Vê-La — respondeu, olhando na direção de onde sentia um doce perfume empurrado pelo vento.

O monge olhou na direção, confuso, mas não questionou.

Ambos adentraram ao rio. Haviam rostos agonizantes na água. Algumas mãos tentavam puxá-los para o interior do rio. Isto somado ao contato com as faces doía levemente, dificultando o caminhar.

Algos - Livro α - 3ª EdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora