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Aldous ainda observou Althea subindo os degraus. Apenas entrou quando ela entrou na escadaria vizinha. Concentrou-se para observar todos que estavam na sétima escadaria, receoso dos rapazes terem ido à Alexa, mas felizmente ninguém saiu.

Pegou vinho e voltou à área de treinamento, onde Sigmund dormia. Enquanto bebia vinho, começou a montar sua próxima aula.

Sabendo da inexperiência dos rapazes, manteve-se atento para tomar a frente e guiar as almas complexas, poupando-os do estresse.

Eram poucas: um viciado em LSD, perturbado, que finalmente conseguiu paz e distância da vida; uma prisioneira de prazeres passageiros que levaram-na a óbito, mas, um óbito satisfatório.

Sigmund despertou num pulo, com falta de ar.

— Monge! Finalmente acordado, supus que dormiria toda a semana — disse Aldous, sem olhar na direção de Sigmund.

— Dormi isso tudo!? — assustou-se, ainda se sentindo cansado.

— Somente cinco dias, o que é quase uma semana! Se continuar assim, morrerá antes do previsto — disse Aldous, sério, olhando-o.

— Perdão, mestre! — retratou-se Sigmund, com uma flexão.

— Tem pouco tempo para banhar-se, se tiver fome, vá à cozinha.

— Quanto tempo?

— Saberá estar acabando quando o púrpura passear nas paredes, parecerá uma onda — avisou, sorrindo de canto de boca, divertindo-se com o pavor do menino pelo fictício tempo passado.

Sigmund foi à cozinha primeiro, haviam frutas sobre o balcão, ele pegou uma maçã e foi ao quarto, o que tomou mais tempo. As portas e paredes movimentando-se o deixavam perdido.

Quando finalmente, encontrou seu quarto, já terminara a maçã.

Sigmund olhou os efeitos do tempo sem cortar o cabelo no espelho. Terminando de se arrumar e lavou a roupa, mesmo que estivesse rasgada e encardida com sangue e suor.

Saindo, viu a onda púrpura passear na parede, o ar faltou como uma crise de ansiedade, tudo ficou lento e ele pôde ouvir seu coração.

A coloração passou por ele, fazendo-o cair e gritar com a dor de ter seu sistema nervoso bombardeado por uma descarga energética.

Os gemidos de dor dos rapazes no salão ecoaram pelo corredor; o que levou um sorriso a sua face. Ele se recompôs e seguiu.

Aldous estava sentado no centro do local, havia uma taça servida à sua frente ao lado da jarra de vinho e ele bebia apreciando uma boa canção que tocava com grandes intervalos entre as notas.

— Você conhece pouco de si e isto é um problema.

— Não conheço pouco, tenho pouco, difere!

— Não tem pouco, monge! A capacidade infinita da vida é inerente de todos, a independer do quão fracionado é o indivíduo.

— Até entender onde está a fração viva, há pouco para fazer.

— Matei um pedaço, mas sobrou. O revoltado não quer. Se você não quiser, complica! — exclamou, dando-lhe a taça. — Sente-se!

— Não é bom consumir vinho, estou cansado, dormirei...

— Não dormirá... na minha escadaria, controlo quando dorme e quando acorda — disse Aldous, descansando a lira em seu colo.

— Impossível. Nem eu controlo e me esforço! — retrucou.

— Quando a descarga de adrenalina gerada pela leve dor não bastar, intensificarei até você acordar ou morrer. — Aldous sorriu.

Algos - Livro α - 3ª EdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora