capítulo 45

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TATIANA


Domenique desapareceu no carro depois de mandar Nathan e eu para o raio que parta. Eu fiquei olhando o táxi sumir enquanto segurava a bolsa dela com todas as suas coisas dentro.

— Devemos ir atrás deles? —

Eu perguntei para Nathan. Ele olhava para a chuva. Estava sério, e ele raramente ficava sério, era a primeira vez que eu o via assim tão preocupado e aflito, ele observava a chuva de testa franzida, as mãos nos bolsos da calça, ainda haviam alguns resquícios da chuva por seu rosto, cabelo e roupas quando saltou do carro e correu ao nosso encontro, o cabelo loiro escuro em todas as direções.

— Não...— ele falou quando eu já me conformava que nem me responderia.— Ele vai escutar ela, iremos acabar atrapalhando. Ou pelo menos é o que estou rezando para que ele faça, que escute ela.  — completou, virou a cabeça e depois os olhos, focando-os em mim. Eu encarei o roxo enorme no seu olho.

— Foi ele quem fez isso? —

Perguntei, sinalizando seu rosto. Ele acenou, concordando.

— O que aconteceu com o Joseph? Por que vocês dois brigaram? — perguntei, Nathan mexeu-se, não parecia disposto a me esclarecer um pouco dessa confusão e eu já tinha problemas demais para ficar insistindo para alguém se abrir comigo quando nitidamente não se sentia confortável sobre.

No momento fazer Domenique se abrir comigo e conversar sobre os traumas malditos desecadeados por aquele bastardo do Matteus eram o que mais me importava. Ver minha melhor amiga fugindo dos seus sentimentos por causa das lembranças de tudo que vivenciou na adolescência doía demais porque ela estava abrindo mão de viver um romance verdadeiro com Joseph que gostava dela de verdade, como me dava nos nervos. Eu mataria Matteus se isso fosse fazer com que os traumas e inseguranças de Domenique desparecessem e ela aceitasse os sentimentos que sentia por Joseph de uma vez. Eu o apagaria da memória dela se pudesse. Era assustador pensar em como algo pode traumatizar tanto alguém, e, se sentir impotente para ajudar essa pessoa a superar esses traumas.

— Não precisa me falar se não quiser. — eu acrescentei  quando Nathan não se pronunciou, ficando cabisbaixo ignorando minha presença. Eu compreendia que ele se preocupava imensamente com o melhor amigo porque eu me preocupava imensamente com a minha melhor amiga, mas me ignorar não era nada legal, eu apenas queria ajudar. Eu odiava ser ignorada. Fui ignorada por meu pai a vida inteira e achando que também era ignorada pela minha mãe. Não era nada divertido. Mas eu deveria esperar pelo momento em que ele faria isso, pelo momento em que cansaria, era por essa razão que eu nunca ficava muito tempo com o mesmo rapaz, porque assim evitava o momento em que um cansou enquanto o outro ainda estava tão empolgado quanto no primeiro dia.

Domenique era única que podia me ignorar porque eu sabia que ela não fazia por mal ou porque cansara de mim, porque eu sabia no quê ela estaria pensando, eu sabia que ela se importava comigo e nunca me deixaria. Agora com Nathan era diferente, eu não sabia se ele já tinha se divertido o suficiente ou se ainda queria mais, e eu não tinha coragem suficiente para perguntar em voz alta porque nunca tinha me envolvido com alguém por tanto tempo.

— Eu tenho que ir, ou vou me atrasar. — girei, ajeitando a bolsa de Domenique em meus ombros, eu teria de retornar ao nosso dormitório para guardar sua bolsa e pegar o seu guarda-chuva emprestado para poder ir trabalhar, me restava cerca de vinte minutos para o meu horário.

— Você é sobrinha da dona, pode atrasar, não? — ele me perguntou em um tom de gozação súbito.

— Grande coisa, só porque ela tem meu sangue não significa que posso pintar e bordar, aquele é o meu emprego acima de qualquer outra coisa e eu o farei como em qualquer outro. — respondi, começando a andar pelo corredor em direção ao prédio dos dormitórios femininos.

Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora