Capitulo Dois

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SINA CONKLIN
dias atuais

                 O JANTAR DA PRIMEIRA NOITE ERA SEMPRE o mesmo: uma panela enorme de caldo apimentado de frutos do mar que Susannah preparava enquanto esperava a gente chegar. Era cheio de camarão, patas de caranguejo e lula. Susannah deixava a panela no centro da mesa, junto com uma cesta cheia do pão francês da padaria do bairro. Cada um pegava uma cumbuca, a enchia várias vezes durante o jantar e devolvia a concha de volta para aquele panelão. Eu só repetia uma vez, nunca conseguia comer mais de dois pratos. Susannah e minha mãe sempre tomavam vinho tinto, e eu, Belly e os meninos bebíamos Fanta Uva; mas, naquela noite, havia taças de vinho para todos, embora eu odiasse o sabor do vinho.

— Acho que todos aqui já tem idade suficiente para tomar um vinhozinho, não acha, Lau? — perguntou Susannah, sentando-se à mesa.

— Não sei, não... — começou minha mãe, mas então mudou de ideia. — Ah, tudo bem. Estou sendo rígida demais, não é, Beck?

Susannah riu, tirando a rolha da garrafa.

— Você? Jamais! –—respondeu ela, servindo um pouco de vinho para todos, mas colocando apenas Fanta Uva para mim, ela provavelmente notou a minha careta. — Hoje é uma noite especial. A primeira do verão.

Conrad tomou o vinho em dois goles; ele parecia acostumado a beber.

— Mas está não é a primeira noite do verão, mãe — retrucou ele.

— Ah, é, sim. O verão só começa quando nossos amigos chegam em casa. — explicou Susannah, se debruçando na mesa, estendendo os braços e segurando minha mão e a de Conrad.

Ele se afastou, displicente. Susannah pareceu não notar, mas eu notei. E não fui a única, Jeremiah parecia ter notado também, porque logo mudou o rumo da conversa.

— Belly, olha minha nova cicatriz! — exclamou, levantando a camisa. — Marquei três gols nesse dia.

Revirei os olhos querendo rir, dei um gole no meu refrigerante para disfarçar. Conrad me olhou com um pequeno sorriso, como se também quisesse rir.

Jeremiah jogava futebol americano e tinha muito orgulho de suas "cicatrizes de guerra".

Belly se aproximou para ver melhor, não sem antes me lançar um olhar divertido. Eu apenas revirei os olhos novamente.

— Uau! — Minha irmã exclamou, me fazendo soltar uma risada baixa.

Conrad bufou, com o mesmo sorriso de antes.

— Jere só quer exibir o tanquinho — reclamou, arrancando um pedaço de pão e mergulhando na cumbuca. Entrei na dele e logo perguntei com falsa inocência:

— Por que não mostra para todos, em vez de só para Belly? Ou esqueceu da sua melhor amiga aqui? — brinquei.

— É, mostra pra gente! — pediu Steven, abrindo um sorrisinho debochado.

Jeremiah devolveu o sorrisinho, então se virou para Conrad:

— Você só está com inveja porque largou o futebol.

Aquilo sim era novidade.

— Você largou o futebol, cara? — perguntou meu irmão.

Acho que era novidade para ele e Belly também, porque os dois tinham uma cara de surpresos. Conrad jogava futebol muito bem, e Susannah sempre nos mandava as reportagens que saiam sobre o filho. Ele e Jeremiah estavam no mesmo time fazia dois anos, mas Conrad era a estrela.

HEAT WAVES | CONRAD FISHERWhere stories live. Discover now