Capitulo Treze

2.4K 217 21
                                    

______________________________________

Sina — Dias Atuais

         OUVI QUANDO ELE CHEGOU EM CASA. ACHO QUE A CASA inteira ouviu, menos Jeremiah, que conseguiria dormir até durante um tsunami. Conrad subiu a escada, tropeçando e praguejando, bateu a porta e ligou o som bem alto. Eram três da manhã.

Belly dormia ao meu lado, talvez estivesse cansada demais.

Eu não estava conseguindo dormir e por mais que amasse música, não era aquilo que me faria pegar no sono. Fiquei uns três segundos deitada, então levantei e fui até o quarto dele, no fim do corredor. Bati duas vezes, mas a música estava tão alta que era bem provável que ele nem tivesse escutado. Bufei e abri a porta. Conrad estava na ponta da cama tirando os sapatos. Ele ergueu os olhos e me viu ali, parada na sua frente.

– Sua mãe não ensinou você a bater? – perguntou, levantando-se e abaixando o volume. Quase ri.

– Eu bati, mas a música estava tão alta que você não ouviu. Você deveria ter acordado a casa inteira, Conrad. E os vizinhos.

Entrei no quarto e fechei a porta, cruzando os braços. Fazia muito tempo que eu não entrava ali, mas não era porque ele não deixava, eu mesma me bani. Na verdade, me bani do quarto de todos os garotos da casa. Estava o mesmo, perfeitamente arrumado. Éramos o oposto um do outro nisso, eu era mais como Jeremiah, minha parte do quarto estava sempre bagunçada, mas não suja. 

O cabelo dele estava bagunçado, como se alguém tivesse bagunçado. Provavelmente, a garota do boné do Red Sox.

– Vai contar pra todo mundo, Sina?

Eu o ignorei e fui até a escrivaninha. Uma foto dele com o uniforme do time de futebol americano, carregando a bola debaixo do braço, estava pendurada na parede, logo acima.

– Por que você parou de jogar, afinal?

– Não estava mais me divertindo.

– Eu jurava que você amava futebol americano.

– Não. Quem amava era o meu pai.

– Mas você também parecia amar.

Na foto ele parecia meio bravo, mas dava para ver que ele estava tentando não sorrir. Achei adorável.

– Por que você largou a aula de canto?

Eu me virei para ele, que desabotoava a camisa branca, ficando só de camiseta.

Eu amava essa aula, mas parei depois do divórcio. Acho que ele mexeu muito comigo, além de eu passar a ter vergonha de cantar na frente dos outros.

– Você se lembra disso?

– Você ficava decorando as partituras e cantando no quarto feito uma maluca como se estivesse em um show.

Fiz beicinho pra ele.

– Pra sua informação, eu era uma pop star.

Ele deu um sorrisinho irônico.

– E por que você parou de cantar?

Eu não parei, mas não diria isso a ele. Apenas Belly, mamãe e Susannah sabiam. Steven devia saber também. Eu não cantava mais como antes, mas ainda cantava. Jeremiah e ele já ouviram eu cantando mas não estava realmente cantando. Eu escrevia muito mais, claro. Acabei revirando os olhos e contei a verdade:

– Eu não parei. Sim, não vou mais para as aulas, mas isso não significa que eu tenha parado.

Ele assentiu. Parecia nem um pouco convencido.

HEAT WAVES | CONRAD FISHEROpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz