Fuja enquanto é tempo

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Any Gabrielly pov

Estou a tempo demais aqui sentada, esse banco já não é mais confortável, tento me ajeitar, mas com a força que coloco pra me ajeitar faz o banco se desequilibrar me jogando no chão.

— Aí - gemo de dor, sinto alguém me levantando com bastante força, viro meu rosto para ver quem é e me deparo com a mulher de mais cedo me olhando com reprovação.

— Você precisa ficar quieta, ou então não vai querer saber as consequências garota! - a voz dela sai muito irritada - Senta aqui, e não se mexa, e tudo acabará bem - ela sorri de lado com um semblante horripilante, me arrepio inteira. Um arrepio de medo. Decido quebrar o silêncio que ficou no ambiente.

— Está bem! Você pode me trazer água? Estou com muita sede. - ela me olha de rabo de olho e sai. Não demora muito e ela volta com um copo de água e um sanduíche, não reclamei, meu estômago já está reclamando de fome. Ela me entrega o pão e eu pego agradecendo, comendo tudo logo em seguida. Pareço uma selvagem me comportando assim, mas é devido as circunstâncias, não é sempre que me alimento.

Já se passaram mais algum tempo, e nada acontece, aquela mulher agora não sai daqui do meu lado. Eu já estou cansada de ficar aqui.

Uma movimentação estranha lá no fundo me chama a atenção, tem alguém discutindo. Tento escutar algo, mais é em vão. Então só fico observando. A mulher que estava me vigiando me olha em tom de "não faça besteira até eu voltar" e sai em direção a discussão, não consigo mesmo enxergar o que é, e minha curiosidade atiça, no impulso, me levanto e ando naquela direção para conseguir ver mais, e agora consigo ver um Homem branco alto, forte, com um paletó que marca seus músculos, em seu rosto uma barba por fazer, cabelos loiros, e os olhos, que olhos são esses, azuis da cor do oceano, me hipnotiza só de olhar. Ele está discutindo muito com a mulher do avião, e percebo que a discussão para, e tenho a atenção voltada para mim, os dois me olham fixamente, puta merda, estou ferrada.

— Savannah, pegue-na e coloque-a em seu devido lugar - a mulher do avião fala para a mulher que estava me vigiando cujo nome Savannah - Não pode se levantar sem autorização, queridinha - agora ela se refere a mim. O loiro continua me olhando.

— Como é seu nome moça? - ele vem em minha direção, mas é barrado pela mulher do avião.

— Que foi? Está interessado? - o loiro a encara, mas sua feição já está fechada e com o maxilar travado.

— Vamos, você não devia ter saído do seu banco, e eu já tinha dito isso - Savannah pega meu braço me puxando - Desculpe senhora Melissa, isso não irá mais acontecer. - ela se retira o mais depressa possível, porém sinto um mão segurar meu braço.

— Você não vai a lugar algum - ele fala olhando para Melissa e me encara logo em seguida - Você vem comigo - e vai me guiando segurando o meu braço. Olho para trás e vejo Melissa e Savannah se encarando e ao mesmo tempo olhando para nós saindo.

— Josh, onde você pensa que vai com ela? Tem que pagar, não pode pegar a mercadoria e sair assim - ao escutar isso, uma lágrima solitária cai percorrendo o meu rosto. Percebo o homem olhando para trás.

— Se é dinheiro que você quer? Então desconta dos trabalhos que fiz a você e não me pagou, estamos kits! - ele fala e segue caminhando e me guiando junto com ele. Eu não questiono, só o sigo, a essa altura, eu só quero sobreviver e sair desse pesadelo em que estou vivendo.

Chegamos próximo a um carro que acredito que seja dele, ele abre a porta e da espaço, então entro no carro, ele da a volta e faz o mesmo, dando partida logo em seguida. Ele dirige tão rápido que um frio na barriga toma conta de mim. Ele está mais de 200 por hora, seu olhar está fixo na estrada, e fica assim por muito tempo, até que ele diminui a velocidade quando nos aproximamos de uma casa, muito linda por sinal.

Ele frea bruscamente o carro fazendo meu corpo ir com tudo para frente. Eu o olho para questionar o porque disso, mas ele se quer me olha de volta, ele sai do carro rapidamente, e me deixa ali sozinha, vejo ele entrar na casa, e fica lá por um bom tempo. Olho para os dois lados, penso que seria uma ótima hora para fugir, e sumir desse lugar, mas eu sequer sei onde eu estou, para onde eu iria saindo daqui? Quem eu procuraria ajuda? Quem me ajudaria vestida assim? Eu ainda estou só de lingerie. As lágrimas começam a cair sem controle. Eu sinceramente não sei o que fazer, mas preciso tomar uma atitude, então abro a porta, e me preparo para sair, mas me assusto com Josh saindo da casa, e vindo em minha direção.

— Vista isso - ele me dá uma camisa cinza, eu pego e o olho - Veste logo isso, não temos tempo - ele me ajeita no carro, ajeitando o cinto e prendendo, fecha a porta e vai para trás do carro, e coloca algo no porta malas, e rodeia o carro entrando no mesmo.

Fico estática olhando para a camisa, e o encaro, ele vira e me olha, pega a camisa da minha mão tira meu cinto, e veste a camisa em mim, os meus movimentos são sincronizados com o dele.

— Como é seu nome? - ele quebra o silêncio depois de me vestir. Eu continuo em silêncio - Pode falar comigo, não vou te fazer mal - olho para o lado contrário.

— Você pode me deixar ir para casa? Por favor - lágrimas insistem em cair, mas eu seguro. Ele encara o nada e não me responde, e agora estamos em total silêncio. Então ele da partida no carro, e seguimos sei lá para onde.

A viagem tá sendo bem longa, já faz horas que estou nesse carro, já dormi, acordei, e ainda estamos na estrada. Vejo que está perto de um posto de gasolina, e ele está diminuindo a velocidade, parando no posto, percebo seu olhar em mim, mas ignoro, e ele sai para colocar gasolina. Agora deve ser a hora perfeita para fugir, eu preciso fazer isso. Não importa se não sei onde estou, como dizia minha mãe: "Quem tem boca vai a Roma". Saudades da minha mãezinha. Ela deve estar muito mal sem mim lá. Lágrimas cai de novo.

Abro a porta devagar, e saio, olho para o céu que está bem estrelado, olho para o lado e Josh está entretido segurando a mangueira da gasolina, então ando rápido. Um certo momento começo a apertar os passos e correr, corro sem olhar para trás, corro tanto que chega a me dá dor no peito, mas eu preciso me salvar dessas pessoas, preciso muito me libertar dessa prisão, de ser prisioneira. Eu não fiz mal a ninguém, não é justo eu estar presa. Não é justo estarem tirando a minha liberdade, de estarem me fazendo tão mal. Eu que salvei tantas vidas, não é justo isso comigo. Eu não mereço isso.

Avisto uma casa então vou em direção a ela, preciso muito de ajuda, não vou conseguir sair do país sem ajuda. Caminho até os fundos da casa, e ensaio para bater, mas não tenho coragem, agora tenho medo de quem posso encontrar nessa casa, se for um tarado? Se for alguém mal intencionada? Não posso arriscar. E então saio dali, e vou em direção a estrada, começo a correr de novo olhando para trás e avisto o farol de um carro, meu peito queima, minha respiração ofega, vejo uma esquina, então corro mais rápido e viro a rua, me escondendo numa pilastra de luz, encosto minha cabeça na parede, tentando arrumar minha respiração, meu coração parece que vai sair pela minha boca.

Escuto o barulho do carro, parece que está bem devagar, é ele, tenho certeza, vou para frente com o rosto, olhando por uma frestra, me curvo na mesma hora para traz vendo que ele está fora do carro e está vindo em minha direção. Fecho olho respirando fundo. Não não não. Já consigo sentir que ele está perto, e consigo escutar sua respiração. Ahh não. Abro o olho e ele está bem na minha frente. Ele se aproxima me colocando contra a parede, ele aproxima seu rosto no meu, reparo na curvatura de seus lábios, rosadinhos, perfeitos. Ah merda. Ele passa a mão pelo meu cabelo me olhando fixamente. Estou ferrada.

PrisioneiraWhere stories live. Discover now