1. Hinata Shouyo

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Sua visão ainda estava embaçada quando finalmente abriu os olhos. Suas lágrimas escorriam descontroladamente por suas bochechas. Ele lamenta baixinho enquanto se xinga e encara o borrado teto branco do quarto do hospital.

Ao seu lado, o monitor cardíaco está estável.

Cenas se passavam pela sua mente. Hinata se lembra dele dizendo que podia explicar o que tinha acontecido, Hinata se lembra de ver ele beijando outro garoto, das mãos ao redor do outro. As risadas, os comentários, os xingamentos, a ânsia… essas memórias o fazem derramar mais algumas lágrimas ao perceber que não foi um pesadelo.

Hinata Shouyou quase se suicidou.

Aconteceu mesmo. Ele estava no hospital por sua incapacidade de raciocinar o que estava fazendo. Não foi um pesadelo. Não, não foi.

Hinata fecha os olhos com força, tentando nublar a mente novamente. São tantas informações dando voltas por sua mente que é difícil ficar quieto.

O garoto levanta um pouco o torso. Está tão dolorido que é difícil conseguir se levantar direito sem que faça uma careta.

Ele encara a luminária branca do teto do quarto do hospital. É tão deprimente aquele cenário. Aqueles pensamentos. Aquela cena. Aquele choque. Aquela tentativa.

Hinata balançou a cabeça, tentando dissipar essa nebulosa bomba prestes a explodir em mais pensamentos em sua mente. Ele não queria lembrar mais detalhes. Não queria ter que pensar em tudo isso.

O melhor que ele pôde fazer foi se concentrar em seu quarto. Está bem, nem isso fez direito. Hinata odeia hospitais. Já teve tantos pesadelos e sonhos bizarros dentro desses estabelecimentos que ele tem um certo trauma.

Talvez pensar no familiar cheiro de produtos de limpeza não identificáveis. Não dá para distinguir com exatidão qual produto foi passado, entretanto, produtos foram passados ali. É reconfortante. É estranho ele se concentrar nisso, mas o cheiro do hospital é bom. Não é bom como o cheiro da gasolina, nem como o cheiro de terra molhada… mas bom como algo que você tem a certeza de que está limpo e higienizado.

Hinata imagina como deve ser limpo cada cômodo de um hospital. Como as faxineiras devem se organizar. Será que recebem treinamento? Provavelmente sim. Nesse momento, ele pensa em como deve ser a casa de pessoas que trabalham com a faxina. Imagina que devem ser bem organizadas e cheirar a desinfetante de eucalipto.

É um cheiro bom de desinfetante, afinal.

Ele bate nas bochechas devagar. Que merda ele está pensando? Isso nem faz sentido. Acabou indo longe demais, de novo. Como sempre, ele vai muito longe em seus pensamentos e ideias.

Hinata ainda está meio dopado.

Seu desafio do dia é conseguir se levantar dessa cama desconfortável. Ele gosta de fazer desafios. Não aqueles que possam o machucar — ele não é burro a esse nível. Por algum motivo, Hinata odeia a sensação de déjà-vu.

Com grande esforço, Hinata consegue se levantar. Sente um desconforto na barriga, e a segura com as mãos, como se isso fosse adiantar algo. Seu estômago estava completamente limpo.

— Aí — choraminga, mudando o peso do corpo para o outro pé.

Ele se estica um pouco tentando ver pela janela, deve dar a vista para algumas árvores. Hinata precisa admirar aquele cenário para ver se sua cabeça dá alguns segundos de descanso.

Hinata se levanta, usando a cama de apoio e observa a janela. As flores lá embaixo estão muito bem floridas, as cores o fazem abrir um sorriso. A natureza é tão bonita que ele fica em pé o maior tempo que pode admirar o incrível jardim lá fora.

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora