11. O Trabalho

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É estranhamente peculiar como o destino pode ser maluco.

Em um dia, Kageyama entrou sem querer no quarto de hospital de um paciente qualquer. E nesse quarto qualquer, estava a razão para Kageyama Tobio duvidar de si mesmo.

Ele não acreditava na possibilidade de duvidar de sua sexualidade, já que sempre — devemos pontuar bem o sempre — Kageyama se sentiu atraído por mulheres.

Como poderia? Gostar de um menino? Gostar de alguém do mesmo sexo que o seu? Isso era impossível. Não, não era impossível porque estava acontecendo com Kageyama.

E por estar acontecendo isso, o moreno está quase engolindo o próprio punho após descobrir que terá um trabalho em dupla na matéria de História — e é a única matéria que Kageyama e Hinata possuem os mesmos horários —, e, pela graça do bom destino maluco, ele e o ruivinho irão fazer o trabalho juntos. Em dupla. Vale ressaltar que foi feito uma votação pelo próprio professor.

É um fato que no último tempo que passaram juntos no Museu, eles perceberam o quanto são opostos e como seus pontos de vistas podem ser diferentes. Entretanto, isso não foi motivo para se afastarem.

Kageyama estava jogando vôlei em quadra. Fazendo uma aula normal com o time da escola. Hinata por mais que amasse o vôlei não se atreveu em se candidatar para o clube. Não depois do que aconteceu com ele no passado. Porém Hinata foi uma figura presente nessa aula, porque Kageyama o chamou, mesmo que indiretamente e tendo em vista que Hinata provavelmente não iria. Só que ele foi.

As palavras ditas por Shouyo dentro do ônibus ainda passavam pela mente de Tobio toda vez. Kageyama não conseguiria se segurar mais, era claro que ele queria se aproximar do pequeno. Era claro que ele queria fazer amizade com Hinata. 

— Chegamos — informa o mais alto, largando a bicicleta no quintal de casa e passando as mãos no cabelo. — Pode deixar a bicicleta aqui junto.

Hinata o obedeceu.

A casa era de tamanho mediano. Logo na entrada ao lado esquerdo a sala de estar e no lado oposto, a escada para o segundo andar. Kageyama segue o corredor que desde a porta de entrada tem como ver uma ilha. Ali é a cozinha.

Shouyo está admirando a casa. As cores branco gelo e cinza sendo as predominantes na sala de estar. Tem um enorme sofá preto com almofadas cinza e brancas estampadas com flores.

A televisão está desligada, e logo abaixo dela no painel está alguns livros, vasos e molduras.

Hinata passa pelo corredor, se deparando com várias molduras e fotografias do que parecem ser da família de Kageyama.

— É meu avô — Kageyama comenta com certa relutância quando vê Hinata tocando uma das fotos.

O ruivo morde o interior da bochecha e se volta para o maior atrás da ilha da cozinha.

— Quer beber alguma coisa? — Oferece, indo de encontro com a geladeira e pegando uma jarra d'água de dentro da mesma. — O almoço já deve ficar pronto.

— Uma água.

Kageyama se vira, indo até um dos armários e pegando dois copos. Ele despeja a água nos dois, e um ele desliza devagar até alcançar o ruivo. O outro copo ele bebe, enquanto espia algumas panelas no fogão.

Sua irmã estava fazendo strogonoff para o almoço.

— Vamos subir. Minha irmã já deve estar voltando e acho que até ficar pronta a comida... — Kageyama percebeu que o outro não estava prestando atenção. Hinata estava encantado demais com a cozinha e a mistura de cores. — Vem.

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaWhere stories live. Discover now