6. O Destino é Maluco

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Kageyama Tobio o encarou surpreso.

— O que você está fazendo aqui?

Ele nem percebe o quanto isso soou rude. As sobrancelhas de Shouyou se abaixam e ele encara os próprios pés, meio tímido pela arrogância presente nas palavras do outro.

— Eu me mudei recentemente.

É a única coisa que ele fala. A única coisa que consegue pensar em dizer. Hinata espera que Kageyama tenha uma outra reação.

Ao redor dos dois adolescentes, as pessoas param para prestar atenção na cena que se segue. Kageyama Tobio respira fundo, tentando não surtar com todos os olhares em cima dele. É quase impossível não surtar. Hinata percebe quando a respiração do outro se acelera.

— Kageyama?

O mais alto dá as costas, e com pressa, entra dentro da sala de aula, fugindo dos julgamentos que começam a surgir. Ele foge. Sempre foge. É a única coisa que ele sabe fazer. Shouyou fica estagnado, sem saber muito o que fazer. O ruivo queria seguir o outro e conversar com ele, sei lá, trocar uma ideia.

Hinata vê todas aquelas pessoas olhando para ele de soslaio. Alguns riem. Outras pessoas sussurram coisas umas com as outras. Mas Hinata Shouyou não liga. Sua mente está conectada com os tão intensos olhos azuis e seu dono misterioso e covarde.

Vê-lo causou algo em Hinata Shoyo. Algo que ele tenta esquecer, como se fosse esquecer o número de uma placa de um carro que viu na rua. Espera que esse sentimento seja apenas do susto de tê-lo reencontrado, e não porque aparentemente Kageyama Tobio, o garoto que entrou sem querer em seu quarto de hospital meses atrás, está mais bonito e atraente.

No fundo, ele sabe que não é assim tão fácil esquecer esse pensamento. E bem lá no fundo ele se pega agradecendo essa estranha sensação de ter roubado seu ex-namorado de sua imaginação.

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Na educação física, o baixinho ruivo se assusta com o tamanho dos jogadores que tem na quadra. É basquete o jogo e os jogadores parecem estar encarando e rindo do seu tamanho.

Hinata Shouyou obviamente não vai jogar.

Prefere sentar-se no banco e observar. Só que ele fica inquieto, Shouyou quer jogar de alguma forma e tenta pensar com veemência se consegue entrar no meio da partida, roubar a bola e marcar uma cesta só, antes de ser massacrado e amassado igual um pão velho no chão do ginásio.

Claro que isso fica martelando na cabeça do ruivo, igual ao som do jogo eletrônico pairando pelo ar de forma incessante e contribuindo para a imaginação fértil do pequeno ruivo.

Concentrado ao seu lado e mexendo rapidamente os dedos, um garoto de jaqueta vermelha começa a clicar sem parar na tela de seu Nintendo. O barulho aumenta ao passo que ele acelera os movimentos.

— Cacete! — murmura irritado.

O garoto relaxa a postura e olha para o lado, sentindo os olhos de Hinata o encararem perplexos. Shouyou está o encarando fixamente, que nem um maluco.

O outro senta um pouco mais para o lado, para pegar uma pequena distância de Shouyou. É muito suspeito um garoto te encarar absolutamente do nada. E Hinata não percebe o quão estranho isso é, até notar que o garoto se afastou.

O ruivo para de encarar e se aproximar um pouquinho.

— Desculpa! — Ele diz repetidas vezes. — O que você estava jogando?

No primeiro momento, o garoto finge que não é com ele. Depois de algumas perturbações incansáveis de Hinata e tentativas de puxar assunto, o outro finalmente lhe dirige o olhar. 

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora