9. Estranho

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Depois da semana estressante de Kageyama Tobio, ele vai até o mural da escola. Existem alguns alunos ali ao redor observando e o garoto apenas quer saber o dia do maldito passeio e para onde é.

Um grande panfleto está grudado com quatro alfinetes no mural marrom. Um panfleto do passeio para o Museu que iria ocorrer amanhã. É de graça, e é a exibição dos novos fósseis de dinossauros encontrados e outros animais antigos e enormes. Além claro, das outras exibições mais antigas, como quadros e vasos antigos.

Tobio passou a mão no rosto e massageou a têmpora, pronto para sair daquele lugar. Até um certo ruivo virar e dar de cara consigo. Kageyama engole em seco, se fixando nos olhos castanhos brilhantes do outro.

— Desculpe, de novo. Eu... — tentou se explicar, mas Kageyama já havia lhe dado as costas.

Respirando fundo, ele segue em frente para sair dali o mais rápido que pode. É só isso que Tobio sabe fazer: fugir.

Kageyama está derrotado por causa de um passeio idiota contar falta. Ele não queria ir. Mas, como é dia letivo e contará falta, sua mãe nunca o deixaria faltar. Não importa o que ele disse para convencê-la, até porque, Tobio nem fala com a mãe.

Chegando em casa, o garoto tira os sapatos e caminha em direção à escada. Tobio vê a irmã em pé ao telefone com alguma amiga enquanto mexe algo em um pote. Miwa o vê, desliga o celular e larga tudo o que estava fazendo para ir na direção do irmão.

Kageyama sobe as escadas às pressas.

— Ei, irmão! — Miwa bate na porta de seu quarto sabendo que ele não iria abri-la. Tobio está com as costas encostadas na porta, segurando as lágrimas que pendem de seus olhos. — Irmão...?

Desistindo, a mais velha desce novamente as escadas.

Tobio não consegue parar de tremer. As lágrimas descem em seguida, e parecem até sincronizadas com a queda que o garoto teve ao chão. Perdendo suas forças e se sentindo fraco.

A semana mais desgastante que ele já teve. A semana mais torturante e cansativa devido ao mêsversário de morte de seu avô.

Ele não conseguiu superar a morte do seu avô ainda. Mesmo depois de tanto tempo, ele ainda não conseguiu lidar com isso. Kageyama não quer acreditar que o perdeu. Ele ainda tem esperança que vai acordar e tudo com que teve que lidar nos últimos meses é só obra de um grande pesadelo. Tobio acredita profundamente nisso.

É difícil para ele ver a irmã mais velha. Miwa foi criada junto a ele com seu avô. É a figura mais próxima que se assemelha ao velho, mas não é ele. E nunca seria. Miwa se afastou primeiro, antes da perda e logo depois de tanto tempo querer voltar… querer voltar para fazer o que exatamente?

Isso dói. Dói tanto que Kageyama não consegue nem ver a irmã direito.

A única forma de aliviar sua mente foi se ferindo fisicamente e cansando seu próprio corpo com treinos pesados de vôlei.

O vôlei tem sido sua salvação, como também sua ruína.

Ficou conhecido como um rei egocêntrico pelo que aconteceu em um dos jogos. Kageyama queria ser perfeito. Queria fazer a jogada perfeita. Queria jogar o jogo perfeito, e mandava os outros fazerem coisas só para chegar nos resultados desejados do moreno. Até o dia que seu time o abandonou em quadra.

Até o dia que ele percebeu que estava sozinho.

Completamente sozinho.

E isso nunca mudaria.

°•°•°•°•°

Estava tão terrivelmente destruído... por dentro e por fora. É como se Kageyama pudesse sentir que estava em um apocalipse. Havia uma porta caída e velha em sua frente, mais nada. Ao redor haviam paredes totalmente pretas. Ele hesitou antes de puxar a maçaneta para baixo e escancarar a porta de uma vez. Tobio tinha medo do que encontraria ao abrir aquela porta.

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora