20. Flores!!

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Hinata estava sentado na sala de estar. Tinha um cobertor enrolado pelo corpo e uma caneca de chá esquentando as palmas de suas mãos. Kageyama o olhava meio de canto e voltava-se a prestar atenção na televisão e no filme brega que passava.

Shouyo não conseguia pensar em nada direito. Sua mente ainda anestesiada pelo susto e pelo tapa que Kageyama desferiu em sua mão para ele soltar os remédios. E o ruivo não fazia ideia se Tobio tinha os recolhido do chão.

— D-De onde você surgiu...? — murmurou mais para si mesmo do que para o outro. Incrivelmente Kageyama conseguiu ouvir.

— É isso que você tem pra dizer?

Hinata virou o corpo na direção do outro e torceu o nariz de leve.

— Quer que eu diga o que exatamente, Kageyama?

— Você ia tentar se matar — ponderou Tobio, ficando alguns segundos apenas encarando os olhos castanhos de Shouyo. — De novo.

Hinata quis praguejar, e então voltou o corpo para a direção da televisão. A pergunta saiu rápido do que sua mente conseguiu raciociná-la, entretanto, Tobio entendeu:

— Oi a eta?

O moreno enrrugou a testa e logo em seguida balançou a cabeça para Hinata. O ruivo respirou, desviou o olhar para longe e perguntou com mais clareza:

— F-Foi na festa...?

Kageyama ergueu uma sobrancelha e suspirou antes de responder:

— Não, Hinata. Eu não fui.

Shouyo bebeu o líquido da caneca que desceu rasgando sua garganta por estar quente demais. Ele tossiu e limpou a garganta.

— Eu passei no mercado e comprei algumas coisas para você. — O moreno se levantou e foi até o balcão da cozinha, onde havia deixado as guloseimas. — Tá chovendo bastante e eu me lembro de você dizer sobre dias tristes. Como está chovendo... eu acho que hoje é um dia triste. 

Parecia que aquelas palavras não eram reais. Mas por um segundo, Hinata se permitiu a acreditar em Kageyama. Ele não era Atsumu. Não teria o porquê mentir. Afinal, Tobio e Shouyo não namoram.

— E eu trouxe salgadinhos de queijo, chocolate ao leite e uma garrafa de água.

Hinata o encarou com um sorrisinho no rosto. Aquelas guloseimas foram o que Kageyama comprou para Shouyo no hospital, logo depois de seu estômago ser totalmente limpo por conta da overdose.

— Por que trouxe isso? — quis saber Hinata, devidamente curioso já que da última vez ele trouxe outras coisas.

— Hum... você não lembra? — Kageyama pareceu um pouco chateado por Hinata não lembrar. Ele balançou a cabeça e Tobio o entregou as besteiras. — Hoje vai fazer oito meses que a gente se conhece.

— Hoje!? — O ruivo deu um pequeno pulo surpreso e saltou de cima do sofá. — Meu Deus e eu ainda tô te devendo!

Kageyama riu.

— Não tá me devendo nada.

O ruivo mal escutou. Foi correndo pegar a carteira e dar algumas moedas para Kageyama, que recusou.

— Você não me deve nada — repetiu o outro. E Hinata se empertigou.

— Por que não?

Tobio se sentou no sofá e Shouyo o acompanhou sentando ao seu lado. Kageyama abriu o pacote de salgadinho que havia comprado para ele e Hinata fez a mesma coisa.

— Alguém já disse que você fala muito "por que?". Se eu falei que não me deve é porque não me deve, oras.

— Eu juro que não te entendo.

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon