Parte 6

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Warwick, Inglaterra.

Mira Kimball olhava discretamente pela janela da sala íntima, tentando em vão se concentrar em alguma outra coisa além de seu tédio. Quando, enfim, avistou a reluzente carruagem com o brasão dos Uckermann se aproximar pelo longo caminho de acesso à propriedade, sua impaciência chegou ao fim.

Deixando rapidamente a sala, encontrou o pai no estúdio, lendo a mais recente edição do The Herald, o jornal do qual era dono e tinha tanto orgulho.

- Papai, ele chegou.

Andrew Kimball, o conde de Falconbergh, deixou o jornal de lado, recostando-se na cadeira de couro.

- Quem?

Mira revirou os olhos, aborrecida, e saiu do estúdio. O pai, apesar de indulgente e dedicado, não reservava um único momento para se inteirar dos assuntos amorosos dela. Parecia que ele não se dava conta que ela estava noiva do mais lucrativo e graúdo peixe do mar masculino escassamente povoado de Londres. Além de alguns viúvos com um punhado dos próprios filhos, a corte estava repleta de aristocratas falidos e de homens nada atraentes do baixo escalão da nobreza.

Mira Kimball ficara de olho nos gêmeos Uckermann porque eram incrivelmente bonitos, extremamente ricos e um deles se tornaria duque.

E, depois de algumas taças de champanhe, combinadas com um artifício do qual ela recorrera por precaução, tivera êxito em assegurar de que Christopher Uckermann fosse seu. Sua virgindade havia sido um preço ínfimo a pagar e, então o dever o obrigara a tomar a atitude honrada. Fora perfeito. Mira derramara lágrimas de remorso, e Christopher a pedira em casamento.

Como ela havia planejado, conseguira exatamente o que queria. Um marido bonito, cuja cama conjugal não seria um suplício, juntamente com a riqueza à qual estava acostumada e merecia.

Satisfeita com sua aparência, adiantou-se na direção do vestíbulo, onde Padraig Uckermann, o irmão de seu noivo provavelmente estava sendo recebido pelo mordomo. Usava um dos seus melhores vestidos do dia, de seda rosa perolada, que realçava sua pele alva e era tão delicada que parecia implorar para ser tocada. E o decote profundo e ousado implorava o mesmo.

Mira deteve-se por um momento no corredor que levava ao grandioso vestíbulo. Podia vê-lo dali, Padraig, o irmão gêmeo de seu noivo. Ele era tão alto e musculoso quanto Christopher, e o rosto de ambos tinha um quê céltico, testemunho de sua herança irlandesa. Não eram gêmeos idênticos. Enquanto Padraig tinha cabelos escuros e olhos verdes como o pai, Christopher puxara à mãe, loiro e com olhos da cor de safiras, mas quanto a qual dos dois se tornaria um duque era um segredo bem guardado desde seu nascimento pelos pais, que quiseram que fossem criados sem rivalidade.

Aquilo podia ter sido verdade durante a infância de ambos, mas Mira suspeitava de que o segredo havia sido preservado para manter jovens ambiciosas a uma certa distância. A ideia a deixou tão contente que teve de se conter para não soltar um gritinho, pois conseguira fisgar um deles e era invejada por todas as moças da corte.

Segredos Obscuros - AdaptaçãoWhere stories live. Discover now