15 - Surpresa!

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Pelos meus cálculos, estou a 12 dias atrasadas, perdoem-me. Voltar a vida universitária minou um pouco minha criatividade, mas espero continuar mantendo os prazos ;) 

Sem mais delongas, boa leitura!

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Batendo a cabeça no vidro do carro repetidas vezes, Gojo remoía as palavras que tinha dito. Devia ter parecido um maluco! Em geral, não se importava em dar essa impressão, mas com Getou absolutamente tudo fugia do geral e se tornava muito específico. Por exemplo, o modo como seu coração palpitava com os sorrisos do aluno era algo muito específico.

Pior, não sabia sequer se Getou tinha entendido o que quis dizer quando soltou aquela frase idiota achando que era protagonista de fanfic em final de capítulo soltando frase de impacto. Por que não podia só ter agido como uma pessoa normal e falado algo como "tive muita sorte de te conhecer"?

Joãozinho lhe encarava com um olhar julgador que parecia responder "porque você é idiota", e Gojo fez uma careta. Por isso gostava mais do rottweiler Carlinhos: ele parecia bem mais humilde em sua pose relaxada, distraído com a paisagem lá fora, e só saiu dela quando um telefone começou a tocar e atrapalhou seu momento zen, encarando curioso o aparelho .

— Fala, vagabunda — Gojo exigiu, sorrindo para Carlinhos enquanto o acariciava.

— Tão delicado... — zombou Utahime, bufando do outro lado da linha. — Seguinte, meu chá de buceta foi rejeitado, a visita foi embora mais cedo. Pode trazer meus filhos.

— Só porque eu já tava indo pra minha casa, sua puta — reclamou, embora estivesse aliviado, porque da última vez que cuidou dos cachorros na sua própria casa, perdeu o óculos e com certeza não queria reviver aquilo de novo. — Daqui uns quarenta minutos chego, mocreia, e te consolo por ter tido seu chá recusado.

— Vai a merda — ela resmungou e desligou, amorosa como sempre.

Revirando os olhos, Gojo pediu educadamente que o motorista mudasse a rota, e diante do tom de má vontade que ouviu, ofereceu pagar o dobro — mesmo que a simples mudança de rota já aumentasse o preço por si só —, sem paciência para fazer barraco.

Se recostou no banco e suspirou, satisfeito porque teria companhia e quem sabe Utahime e ele pudessem encher a cara a fim de se consolar? Não que ele tivesse que ser consolado, estava ótimo! Exceto pelo fato de ainda tentar se convencer de que precisava de mais do que aquilo tudo para se apaixonar, mas a quem queria enganar?

No fundo, no fundo, a verdade era inegável: estava apaixonado por Getou. Se isso era bom ou se renderia as mesmas frustrações que já tinha tido antes, só o tempo poderia dizer.

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Finalmente entregue em seu destino, Gojo saiu do carro quase saltitando, pois adorava visitar sua víbora de estimação na casa dela. Não por ela — já via aquela cara feia com muita frequência —, mas porque ela tinha um pote de doces para oferecer às visitas muito recheado de alegrias, e ele simplesmente amava doces, além de gostar do quintal florido que contrastava bastante com a personalidade venenosa da dona.

Os cachorros se alvoroçaram conforme andavam até o portão da pequena casa amarela. Utahime era uma das poucas que não morava em apartamento, porque sempre gostou de animais e não gostava de criá-los em espaços pequenos. Gojo tocou a campainha e esperou pacientemente, brincando com Joãozinho e Carlinhos.

— Como é bom ver a cadela no cio fazendo amizade com os outros cachorrinhos — saudou Utahime enquanto o portão automático ainda estava subindo, ostentando o típico tom debochado.

Vergonha de fanfiqueiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora