[1] prólogo 🏫

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Atualmente, em 2022...

— Gael!

— Oi? — virei minha cabeça para Hans, que sempre sentava na carteira do meu lado em todas as aulas. 

— Não está ouvindo o que eu estou te contando!?

As carteiras de todas as salas de aula da escola eram separadas em duplas e por sorte eu tinha um amigo pra me fazer companhia. 

— Ah... Desculpa. — sorri, disfarçando. — O que estava falando mesmo?

— Você está bem aéreo ultimamente, hein. Deixa pra lá, agora o professor vai continuar a matéria, depois a gente conversa mais.

Acenei com a cabeça e abri meu caderno para me preparar para as anotações daquela aula. Às vezes ficava com a mente assim na escola e até em outras situações. Acho que é normal, né?

Afinal, quem nunca se pegou pensando no que tem dentro da geladeira pra comer quando chegar em casa ou em planos bobos para o dia?

O professor de geografia começou a falar sobre alguma coisa dos tipos de vegetação, coisa que eu já estava careca de saber. 

Sim, eu estava aéreo mesmo.

Comecei a pensar no quanto as coisas mudaram do começo da pandemia do COVID-19 pra cá.

Eu e meus pais nos mudamos para Arcata, uma pequena cidade na Califórnia. Eles gostaram muito da ideia de morar em um lugar pequeno, mais sossegado e simples, diferente da cidade grande, centros urbanos e afins. 

Afinal, o lugar era cercado de florestas e também tinham praias bem bonitas. É, eles gostavam de ficar rodeados o máximo possível da natureza e confesso que eu também, apesar de também adorar as cidades grandes.

Apesar de ter adorado meu cabelo pintado de rosa, deixei ele voltar pra cor preta natural e cortei em tamanho médio. Desisti da ideia de alisar, principalmente porque ele ondulado realmente lembrava as ondinhas do cabelo do meu pai Scott. 

— Me empresta aqui a borracha rapidinho. — Hans comentou, já pegando a minha borracha sem nem mesmo deixar eu aprovar ou não.

Nosso nível de amizade era grande pra termos essa intimidade. 

Hans era bonito, tinha o cabelo bem ralo, a pele bem escura, era alto e com ombros largos. Ainda não havia barba no rosto dele, algo que ele queria muito que crescesse.

Em mim, também nenhum fiapo sequer até hoje, mas estava contente assim. Costumam dizer que na adolescência não é tão fácil assim crescer uma barba, ainda mais quando se tem 16 anos ainda.

Mal lembro como comecei a falar com Hans e desenvolver essa amizade com ele, mas foi de forma tão natural. Ele sabia praticamente de tudo na minha vida. Contei a linda história de amor dos meus pais, contei o quão eu era apaixonado pelo jogador de futebol do meu colégio antigo, o Luke.

Ah, o Luke... Ele era tão legal comigo, mas não era nada além de uma amizade bem simples. Foi a minha primeira paixão e também a minha primeira decepção. Não confessei meus sentimentos, mas eu sabia que ele era hétero, tanto que quando deixei a cidade ele estava namorando com uma garota. Nos despedimos e desde então nunca mais nos falamos.

Quando o amor é pra sempre: A história de Gael (Romance Gay)Where stories live. Discover now