[10] revelações 📖

951 137 363
                                    

- Como eu não percebi isso antes?

- Talvez seja porque eu consiga esconder isso muito bem. Pelo menos até agora, né, sei lá. - enxuguei meu rosto com as mãos.

Mais um trovão estremeceu o prédio, fazendo até com que as luzes piscassem.

- Nossa, japinha... Vem cá. Tá tudo bem.

Hans me acolheu em seu abraço. Pude terminar de chorar sendo compreendido pelo meu amigo, sem ser julgado, criticado, e nem sem ouvir perguntas. Pelo menos não agora. Ele apenas respeitou o meu momento e esteve comigo.

Depois de alguns minutos, decidi fazer com que nós apressássemos para a sala de aula.

- Vamos logo. - funguei o nariz. - A aula já começou a essa altura, com certeza.

- Se precisar de mais tempo, eu fico com você o tempo que precisar.

- Hans, obrigado, mas qualquer hora pode entrar alguém aqui e mandar a gente pra coordenação e sinceramente, eu não quero mais problemas. Vamos?

- Tudo bem, vamos.

Fiquei quieto o restante das aulas e Hans respeitou o meu silêncio. Ele também deveria estar muito espantado com a minha revelação, que inclusive foi contra os meus planos. Minhas próprias lágrimas me denunciaram. Que coisa. Até eu mesmo me traia.

Na hora da saída, Hans tocou no meu ombro.

- Ei, japa.

- Oi. - virei o rosto pra ele.

- Eu já vou indo nessa... - ele apontou para o caminho oposto do meu. - Você vai ficar bem?

- Eu vou sobreviver. - forcei um sorriso.

- Por que não me falou nada antes?

- Eu só queria ignorar isso tudo, Hans... Não é nada pessoal.

- Alguém mais sabe disso? Alguém além de mim?

- Não e por favor, eu prefiro que fique assim.

- Tudo bem. Não vou contar pra ninguém, cara.

- Obrigado, Hans.

Ao chegar em casa, subi as escadas e nem falei com os meus pais. Me tranquei no quarto e fiquei afogado em minha tristeza o restante do dia.

No outro dia, falei com eles normalmente no café da manhã e disse que eu estava muito cansado quando cheguei em casa no dia anterior.

Eu não queria ir pra escola, mas eu não tinha escolha.

Eu não queria nem olhar pra cara do Caleb.

E assim eu fiz.

Hans tinha faltado por estar passando mal, então foi um sufoco passar o dia na escola assim. Na verdade, todos os dias que Hans faltava era um inferno. Como se já não bastasse, o que acontecia de costume aconteceu, principalmente nesses dias em que eu estava sozinho.

Ao me levantar na hora do intervalo, o professor saiu de sala e Troye parou na minha frente.

- Ei, sua bicha coreana.

- Ele é japonês, seu idiota! - Corey deu um empurrão nele.

Ignorei, como se não houvesse ninguém ali, e segui para a porta da sala.

- Que seja. É tudo a mesma coisa. - ele pressionou sua mão contra o meu peito, me segurando no lugar. - Onde está aquele seu amiguinho?

- Ele faltou, como você já sabe. E onde está o amiguinho de vocês? - retruquei, me referindo a Caleb, que não estava com eles.

Quando o amor é pra sempre: A história de Gael (Romance Gay)Where stories live. Discover now