[6] o acordo 📝

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O resto do caminho foi feito em silêncio enquanto eu me recusava a desviar o olhar pra fora da janela. Estava focando na névoa que cobria as ruas desertas, mas ainda sentia aquele enorme desconforto só de saber que Caleb estava do meu lado, dentro do carro dos meus pais. Mal podia acreditar. 

Pra melhor ou pior, o silêncio foi quebrado.

— Minha casa fica mais pro lado de lá. — Caleb apontou.

— Então posso virar na próxima à esquerda? — meu pai Scott perguntou.

— Pode sim.

— Pode ir guiando a gente? Assim fica mais fácil. — meu pai Harry sugeriu.

— Sem problema. 

— E qual o seu nome? Nem nos apresentamos, que modos os nossos... — meu pai Harry soltou um riso nasal. — Eu sou o Harrison, mas pode me chamar de Harry, sem formalidades.

— E eu sou Scott.

— Eu me chamo Caleb. — ele respondeu meio seco.

— Bom te conhecer, Caleb. — disse o meu pai Harry. 

E então o silêncio voltou, mas não por muito tempo. Caleb foi apontando as ruas onde meu pai tinha que entrar com o carro, até que finalmente encostamos.

— É aqui. 

— Tudo bem. Boa noite, Caleb! — disse o meu pai Scott.

— Boa noite. — foi a vez do meu outro pai.

— Boa noite... — Caleb abriu a porta do carro. — Obrigado pela carona. 

E então ele saiu, bateu a porta e eu finalmente pude virar minha cabeça. Avistei Caleb caminhando pelo gramado até a porta de entrada de sua casa, ele a abriu e entrou.

Ele não olhou pra trás. 

A casa não estava em mal estado, mas também não era chamativa. Era de um tamanho normal, simples e de apenas um andar. Era difícil imaginar a casa de alguém como Caleb dessa forma, tão simples e nada extravagante. 

O garoto mais popular da minha turma tinha tudo o que ele poderia querer: Status, vaga de capitão do time, seguidores e adoradores, garotas aos seus pés e respeito, exceto por aqueles dois idiotas que sempre andavam com ele. Caleb se vestia muito bem, tinha um celular de última geração... Eu esperava que a casa dele fosse daquelas famílias ricas, de um nível exagerado de luxo.

Parece que eu pelo menos estava certo sobre uma coisa: Os mistérios de Caleb. 

A gente nunca conhece alguém através de águas rasas. Ninguém faz ideia da história ou dos segredos que uma pessoa estranha a você pode guardar. 

Pouco a pouco, eu estava ficando cada vez mais instigado a mergulhar nesses mistérios e conhecê-lo mais profundamente, mas isso me preocupava muito. Eu não queria, de forma alguma, alimentar uma paixão desse tipo. Eu sabia que era arriscado, mas ao mesmo tempo eu não conseguia me impedir. 

— Filho, tá tudo bem mesmo? — meu pai Scott perguntou.

— Tá, pai. Tá sim. Eu só to muito cansado mesmo. Preciso dormir. 

No dia seguinte, acordei com ressaca, mas tentei não deixar transparecer para os meus pais não implicarem comigo ou coisa assim. Porém, eles não nasceram ontem, então desconfiaram, mas acredito que me deram um desconto e me deixaram quieto. 

Mandei mensagem pra Chrissie e ela não respondeu. Então mandei para Hans. Estava preocupado e queria saber como eles estavam.

Hans me disse que estava tudo bem, que os dois estavam aproveitando o dia na casa de Chrissie, ainda, pois ele havia dormido lá e iriam passar o dia assistindo comédias românticas.

Quando o amor é pra sempre: A história de Gael (Romance Gay)Where stories live. Discover now