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Quantidade de palavras: 1212
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Boa noite...!

Haruki falou assim que entrou na sala. Forjou um falso ânimo em sua fala. Seu rosto expressava cansaço, ele tinha olheiras grandes, como se não dormisse há dias, mesmo que só tenha se passado um dia que nos vimos. Seus olhos estavam marejados e vermelhos, como se tivesse chorado por horas e horas e ainda tivessem muitas lágrimas para cair sobre seu rosto. Sua aparência desgastada era deplorável de se encarar, chegando até ser perturbador. Fiquei com pena dele, queria fazer algo para ajudar, mas eu acho que a ajuda de um hospitalizado não seria muito útil.

Desculpe ter demorado tanto... Eu estava muito ocupado.

Ele disse quando se sentou na cadeira ao meu lado.

Sem problemas! Você já fez demais por simplesmente aparecer aqui.

Tentei confortá-lo, e ele deu um sorriso suave.

Aquele cara de olhos vermelhos voltou?

Ele perguntou, o que realmente me fez pensar, acabei percebendo que toda vez que Masaru fazia alguma merda ele desaparecia por um tempo e só depois voltava. Seu tempo fora variava de acordo com o tamanho da besteira que ele tivesse feito. Não acho que Masaru demore muito para retornar.

Não...

Respondi, ele soltou um suspiro de alívio.

Afinal, o que ele é seu?

Ele perguntou, minha vontade era mentir, e foi isso que eu fiz.

Ele é só um amigo.

Certeza? Não acho que amigos agiriam de tal forma um com o outro. Mas enfim, vamos deixar isso de lado.

Me aliviei assim que ouvi sua última frase. Ficamos conversando por um tempo, até a enfermeira apareceu uma hora com um chá sencha¹ para nós. Foi uma conversa bem leve, e acabei por descobrir o nome da enfermeira, que é Sayuri², realmente combina com ela.

Há muito tempo eu não sentia essa leveza numa conversa, ela só ia continuando, sem muitas pausas, com leves risadas. Até o semblante desanimado de Haruki havia melhorado.

Nessa mesma conversa descobri algumas coisas. Sayuri me contou que Haruki quem havia trocado as flores mais cedo. Também descobri que Sayuri tinha acabado de terminar a faculdade de enfermagem, e fiquei muito surpreso, já que parecia que ela era desta área há um bom tempo e o jeito que ela lidava com as coisas era muito profissional. Além de que Haruki comentou que ele já cursou botânica, tanto que até é dono de uma floricultura e que quer cursar enfermagem. Isso parecia mais uma conversa de adolescentes do ensino médio tentando decidir que faculdade vão fazer do que uma conversa de três adultos de 25 anos.

Incrível ver como as pessoas daquela sala ignoraram o fato de que eram completas desconhecidas e começaram a conversar como se fossem amigas há meses. Aquele tempo de espera mais cedo realmente valeu a pena.

A primeira a ir embora foi Sayuri, e eu e Haruki ficamos sozinhos conversando. Mas a hora dele ir havia chegado.

Acho que já vou indo...

Ele disse num tom triste.

Ah sim, vá com cuidado, Haruki!

Disse a última frase assim quando ele estava saindo, mas assim que Haruki virou as costas ele paralisou na porta, come se tivesse visto um inseto ao avesso. Ele voltou para dentro tentou e fechar a porta o mais rápido possível, mas não foi muito útil.

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Where stories live. Discover now