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– Eu estou morrendo, preciso revê-lo, pelo menos uma vez. – Ele explicava, não se aguentava nas próprias palavras, estava trêmulo.

– Não, não, você não precisa, você acha que precisa. Eu não quero estar longe quando você estiver sofrendo. E Rui? Já pensou em como ela vai reagir? – Ele estava desesperado, como poderia? O que faria?

– Rui ficará melhor se não me ver morrer. Ela é apenas uma criança, é melhor que ela pense que eu só fui embora. – Tocou no próprio peito. Não suportava a ideia de deixá-los. Mas não podia ficar. Estava se autodestruindo. E continuaria se não fosse.

– Ela te ama. – O uso dessas palavras era como uma chantagem de mal gosto. Ele não queria que ele fosse embora, por isso usava suas cartas mais cruéis.

– E exatamente por isso tenho que deixá-la. – Se virou para o homem diante dele, abrindo os braços para recebê-lo num abraço – Venha aqui…

– Não ouse encostar em mim! Vai nos deixar? Simples assim? Que porra é essa!? –  O homem gritava, enquanto o outro permaneceu com a cabeça baixa, não aguentava mais.

– Eu o deixei. Tenho que me redimir de alguma forma. Estou planejando essa visita há três anos. Por favor.

– Vai redimir seu abandono abandonando outras pessoas? Que lindo jeito de se “redimir”. – Bateu na própria testa. – E aliás, como vai saber que ele quer te ver? Ele já está com outro, não ouviu as fofocas? Você só vai se machucar.

– Não me importo. Eu quero fazer isso. Como… um último pedido. Eu não me importo se ele está com outro, eu quero vê-lo uma última vez. Por favor, me deixe fazer isso. – A súplica já saía tão doída que era agonizante.

– Não quero te perder. Não posso te deixar ir. Eu não vou aguentar. Você… Eu… Não vou poder nem me despedir…

– O que você não aguentaria seria me ver agonizar. Eu não quero abandonar você e Rui, mas eu preciso disso, é difícil de explicar. Eu preciso fazer isso, não tem noção o quanto ter o abandonado no momento que ele mais precisou de mim me perturba. O que quer que seja que ele estiver passando… eu quero ajudar. Eu… – Pausou por um momento, os olhos já se enchiam de água. – Eu estou morrendo, não vou ter essa chance nunca mais. Eu amo vocês, mas isso me deixa acordado a noite inteira. Me deixem dormir em paz pelo menos uma vez em anos. Por favor, eu lhe imploro.

O outro cerrou os punhos.

– Então vá! Morra nos braços desse… desse seu amado! Vá logo! Abandone a mim e a Rui! Agora se ele te rejeitar não volte como um cachorro abandonado para cá. Espero que morra feliz, seu… Eu vou… Eu te…

Não tinha coragem de continuar falando, as lágrimas já o dominavam.

– Nos abandone logo, não enrole, assim dói mais. Se acha que isso é certo, se acha que é isso que vai te fazer morrer mais tranquilo… Vá. Eu…

O outro se aproximou e o abraçou. O último abraço. A despedida. Eles choraram.

E agora…

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#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Où les histoires vivent. Découvrez maintenant