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Quantidade de palavras: 4854
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Este capítulo aborda temas que podem resultar gatilhos em certas pessoas.
Leiam com atenção.
- Bonnie.
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Vesti meu kimono e fui para a sala, morrendo de vergonha, e medo. Não queria vacilar nesse dia que seria tão importante para Haruki e Sayuri. Não podia me trancar em casa como um covarde; Esperava Haruki terminar de se arrumar, e sinceramente, ele já estava demorando bastante.

Assim que ele finalmente decidiu sair do quarto, confesso que esqueci de respirar quando o vi. Não é atoa que as pessoas me amaldiçoam por morar com ele. Ele realmente estava lindo, seu kimono era completamente preto, o que realçava seus cabelos ruivos. A faixa que era amarrada em sua cintura era bege, fazendo um belo casamento com o tom escuro do resto da roupa. E por cima de todo o kimono, havia um haori, também preto com algumas folhas alaranjadas voando ao vento em sua ponta.

Me senti um indigente com meu kimono branco e meu hakama* inteiriço azul prateado. Com certeza já chamaríamos muita atenção porque estaríamos de kimono, isso me assustava e não era pouco. Pensar em reviver o que aconteceu no mercado fazia meu estômago se revirar e minha vontade de sair de casa diminuir cada vez mais. Minha segurança era que iriam olhar apenas para Haruki e Sayuri - isso era o que eu esperava, eles estariam deslumbrantes e com certeza sentiriam inveja de qualquer um que chegasse perto deles. Por um momento me senti orgulhoso de ter amigos tão bonitos assim.

[*Hakama (袴, hákámá) é um tipo de vestimenta tradicional japonesa. Cobre a parte inferior do corpo e se assemelha a uma calça larga]

- Como estamos, vovô?

Perguntou Haruki, posando como se fosse um modelo.

- Parecem duas garotinhas indo fazer compras no shopping!

Ele respondeu, eu ri quando vi a reação de Haruki.

- É brincadeira, é brincadeira, vão dar inveja em qualquer um, vocês estão maravilhosos! Tratem de se divertir pelo vovô aqui, tudo bem?

Ele disse dando batidinhas em nossos ombros. Não sei se "dar inveja" seria a definição que eu mais estaria feliz em ouvir, mas deixei passar, o avô de Haruki não tinha más intenções.

- Pode deixar, vou ter que ficar de olho nesse seu neto, se não ele passa o rodo!

Fingi sussurrar para o avô de Haruki, caímos na gargalhada enquanto Haruki resmungava. Alguns minutos depois estávamos caminhando para onde encontraríamos Sayuri. Chegando lá, sentamos em um banco qualquer e começamos a conversar, ignorando olhares alheios que já esperávamos.

Estava nervoso, pessoas como aqueles dois rapazes estavam por todo o lugar, a todo o momento, isso fazia com que eu quisesse correr para casa de volta e me trancar lá para sempre. Eu estava dando o meu melhor para não deixar isso interferir no nosso dia, porque, afinal, era nosso dia, não meu. Me deixei afogar em meus pensamentos, pois quando vi, Haruki estalava os dedos em meu rosto, querendo que eu acordasse.

- Ei, Aoto, está tudo bem?

Embora ele estivesse sorrindo, a preocupação estava lá, como um fantasma por trás dele. Tão nítido que parecia acenar para mim.

- Ah, sim... estou bem, só me deixei levar.

O sorriso sumiu.

- Está com medo, não está?

Embora eu ame poder conversar com Haruki sem temer às censuras, me incomodava o fato que não podia deixar vacilar por um momento se não ele perceberia tudo. Não que fosse ruim, só tenho medo que Haruki chegue num nível de preocupação que nem de si mesmo ele irá cuidar mais.

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Where stories live. Discover now