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Quantidade de palavras: 730
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Eu estava exausto. Não queria levantar da cama. Não queria comer. Não queria tomar banho. Não queria trabalhar. Não queria falar. Não queria viver.

- Filho?

Meu pai entrou no quarto.

- Olha, eu sei que você está triste mas...

- Me deixe em paz.

O cortei brutalmente. Ele se retirou.

- Ei... querido. Eu fiz sua comida preferida... Irei deixá-la aqui, caso você queira comer.

Minha mãe deixou um prato de comida na cabeceira. Não encostei nele.

- Ei... Haruki. Eu queria te dizer...

- Vá embora.

Ren timidamente deixou o quarto.

- Ei, garotão. O que há de errado?

Meu avô perguntou. Olhava em seus olhos e via sua aparência cada vez mais desgastada. Ele era o único que aceitava ao meu lado. Ele e mais alguém, só que esse alguém não viria me ver.

- Eu só me pergunto quando vai perceber seu nariz sangrando.

Ele automaticamente colocou as mãos sobre o nariz e foi correndo ao banheiro. Suspirei na cama e me levantei preguiçosamente.

Havia perdido a noção do tempo, não sabia mais quanto tempo havia passado. Só sabia que isso não importava, e que queria morrer. Tomei um copo d'água, estava morto de sede, estava pronto para voltar para cama, quando Ren entrou em casa, ofegando muito.

- Ha... ruki?

Ele tinha dificuldades em pronunciar meu nome, fui até sua direção e o dei apoio. Após algum tempo, ele conseguia respirar normalmente:

- Você finalmente se levantou...

Disse orgulhoso, dando uma risada tímida logo depois.

- Me desculpe, peguei um resfriado daqueles por ter ficado até tarde andando na neve.

Não respondia nada, apenas o encarava com a expressão mais penosa que podia. Ele suspirou. Me vi na obrigação de dizer pelo menos alguma coisa.

- O que estava fazendo na neve?

Ele se surpreendeu ao ouvir minha voz. Tossiu um pouco e respondeu:

- Estava procurando alguém. Não se preocupe, não é nada.

Ele pegou uma xícara de chá e foi sentar no kotatsu para se esquentar. Eu quis voltar para meus lençóis no meu quarto, mas algo me fez ficar parado ali.

Meus pais haviam saído de casa junto com meu avô, para resolver algumas questões de saúde dele. Apenas Ren estava em casa, e isso de alguma forma me animava. Gostava de não precisar me preocupar com a presença dos meus pais. O vovô não era ruim... mas ele estaria me enchendo de perguntas das quais não gostaria de responder.

Estava escuro lá fora, parecia tarde.

- Ren, onde está dormindo?

Me virei para ele. Ele estava quase dormindo na mesa.

- Hm? Ah, estou num hotel aqui perto.

Ren me encarou, depois de dar um pequeno pulo assustado por ter o acordado com minha voz.

- Você pode dormir no quarto dele. Não precisa gastar dinheiro no hotel.

E sua expressão se tornou surpresa.

- Tem certeza disso? E quando ele voltar?

A palavra "voltar" me parecia tão ridícula que ri.

- Não seja tolo, ele não vai voltar.

Ele abaixou a cabeça. Me chamou para sentar ao seu lado. Cambaleei até ele.

Ele segurou meu rosto com as suas mãos.

- Haruki, estou farto de você desta forma.

Me assustei com um tom agressivo que nunca tinha visto em Ren.

- Olhe para si mesmo, o que aconteceu com você?

Não sabia se esperava resposta, mas permaneci de boca fechada.

- Eu... não sei o que aconteceu com o Haruki de antigamente, mas... eu imploro para que ele volte. Eu não gosto desse Haruki que não vê beleza na vida. Eu não gosto desse Haruki que acha que viver não vale a pena. Eu... quero de volta o Haruki que achava que a vida era bela pelo simples fato de camélias existirem. Eu...

Ele chorava, tentou recuperar o ar e continuou:

- Eu não voltei para te ver morrer, eu voltei pra te ver feliz. Não quero ir embora com a imagem de um Haruki isolado no quarto na minha mente... eu quero ir embora com a imagem do Haruki sorridente que sempre conheci... e que sempre...

Ele tentou continuar, mas as palavras não saíam mais da sua boca. Ren me envolveu, e uma última súplica foi proferida de seus lábios:

- Por favor, Haruki, não faça isso com você. Você tem muita vida pela frente... você não merece esse fim.

O apertei em meus braços. Me senti extremamente culpado, porque não conseguiria nem mesmo fazer isso por ele.

- Me desculpe...
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#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Where stories live. Discover now