Parte. 12

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É possível separar completamente um ato de coragem de um ato impulsivo? Onde começa e onde termina a racionalidade nesses momentos? Às vezes é difícil não apenas discernir, mas também separá-los. No fim das contas pensar sobre isso não importa muito quando se está vivendo cada momento como se fosse o último.

O som do acelerador sobressaiu ao barulho noturno quando a moto arrancou, o escapamento parecia engasgar-se com o ronco do motor conforme a rotação aumentava. A Honda vermelha vibrava tanto quanto o coração de Jungkook, e seus braços apertavam a cintura alheia com força, o êxtase dissipando em suas veias fazendo-o sorrir.

Ele soltou a respiração que nem sequer havia percebido prender, seu peito esvaziando lentamente enquanto fechava os olhos apenas para intensificar a percepção da brisa noturna sobre suas bochechas, os cabelos presos sob o capacete arrepiaram-se em busca de liberdade.

As luzes da orla contrastavam com o horizonte escuro do oceano e a movimentação noturna parecia ainda maior que a comoção durante o dia. Os carros subiam e desciam pela Calle Norzagaray, os pedestres tomavam as calçadas da velha San Juan por todos os lados, o ritmo da salsa tocava alto em algum lugar ali perto e as vozes se misturavam à música. A cidade vivia ainda mais pela noite, e pela primeira vez Jungkook podia presenciar a beleza da noite caribenha sem nenhuma restrição.

Encostou a cabeça no ombro de Jimin e o capacete roçou desconfortável contra seu rosto, mas ainda assim parecia aconchegante. O cheiro de maresia carregado pelo vento se fundiu ao cheiro da pele suada de Jimin formando o mais suave perfume. Jungkook roçou o nariz levemente na nuca coberta, inspirando o aroma que naquele instante se tornou o seu favorito. Suspirou apaixonado sentindo o coração pular dentro de si, seu corpo flutuando pela noite rumo ao desconhecido.

Apenas quando a moto fez a curva não muito longe de sua casa foi que Jungkook saiu do transe induzido pelo momento. E ao olhar ao redor, se deu conta que apesar das diversas aventuras compartilhadas com Jin, até agora, nada havia sido tão atrevido quanto as coisas que havia se permitido viver desde que conheceu Jimin. Os últimos meses pareciam ter revirado algo dentro de si, a paixão avassaladora se tornou o motor para uma expansividade nunca experienciada. Voltando no tempo, Jungkook nunca seria um desses jovens que fugiriam por uma noite de casa.

Minha nossa, eu estou numa moto com o Jimin, fugido de casa! Eu nunca fugi de casa antes, isso é tão emocionante! Espera... Isso conta como fugir de casa? Não é? E se acharem que eu fui sequestrado? Mas eu fugi... Não fugi? Digo, no mínimo sai de fininho. Será que meus pais vão chamar a polícia? E se Jimin for preso por minha causa? E se eu for preso junto? Eu devia ter deixado um bilhete avisando que fugi.

-Argh! – Jungkook ralhou involuntariamente, seu aperto aumentando na cintura de Jimin com a frustração. – Sou muito lerdo!

- Cálmate, neno. - Os dedos curtos resvalaram nos braços tensionados, acariciando com gentileza, como se preste a acalmar um animal ferido. – Assim você vai me esmagar até el último aliento.

- O que? – Jungkook percebeu a força do aperto e soltou se retesando sobre a motocicleta, agora parada. – Desculpe, não tinha notado que apertei muito forte.

- Você tem medo de andar de moto, mi corazón? – Jungkook negou com a cabeça. – Qué pena, ia prometer te carregar no colo na próxima vez. – Jimin sorriu presunçoso.

Jungkook corou envergonhado, e se apressou a descer da moto. Olhou ao redor verificando que haviam retornado para La Perla. – Nós chegamos? Vamos pra sua casa? – O local era familiar, a descida próxima de onde haviam encontrado a irmã de Jimin mais cedo. Jungkook sabia que o El Bowl estaria mais algumas ruas adiante.

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⏰ Last updated: Oct 22, 2022 ⏰

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Baila Conmigo - JJK + PJMWhere stories live. Discover now