44.

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Minhas mãos tateiam ao meu redor. Eu já sei o que irei encontrar, mas não consigo me impedir de fazer isso todos os dias.

Paredes frias, é isso que minhas mãos tocam. É a única coisa que tem ao meu redor. Paredes.

E escuridão. É sempre escuro, o tempo inteiro.

Minhas pernas estão dobradas, não há espaço suficiente para esticá-las, é um maldito cubículo, um quarto tão pequeno que mal posso me ajustar onde estou sentado, não tem espaço suficiente para isso.

Minha garganta está seca, e meu corpo inteiro dói. Já perdi as contas de quantos dias estou aqui, mas faz, no mínimo, um mês.

Um mês que não durmo, apenas cochilo por alguns minutos. Um mês que mal me alimento, um mês que sou impedido de ver o mundo lá fora. Um maldito mês que estou trancado nesse quartinho, tendo meu pai controlando quando eu como ou bebo alguma coisa. Malditos trinta dias que eu não sinto nada além desse chão duro e dessas paredes frias, além, é claro, do cinto de couro que vem me visitar quase todos os dias.

Meu corpo inteiro treme de fome e fraqueza, e sinto meus olhos arderem com mais lágrimas. O que eu tinha na cabeça quando fui ao estúdio? O que eu tinha na cabeça fazendo tantas tatuagens?

Me senti confiante e feliz por ele não ter descoberto, e fui fazendo cada vez mais, tomando cuidado para que ele não as visse, mas é claro que ele descobriria, Desmond sempre sabe de tudo. Fui ingênuo ao pensar que sairia disso ileso, mas eu precisava disso, precisava sentir que era eu a estar no controle de algo, fazer algo por mim, porque eu quero e sentir que eu poderia fazer.

Foi idiotice achar que a consequência não viria. Ele é assim desde sempre, por que fiz uma merda dessa?

Ele nunca vai me deixar sair daqui, ele vai me matar aqui dentro, e não existe ninguém que vá sentir minha falta, ninguém que vá se preocupar com meu sumiço.

Apenas Niall. Ele já deve saber que algo muito errado está acontecendo comigo, ele nunca passa tanto tempo sem me ver, e me conhece o suficiente para saber que se eu não dei notícias, é porque uma merda muito grande aconteceu.

Coloco minha cabeça entre meus joelhos e abraço meu corpo como posso, ouvindo passos se aproximarem cada vez mais do lado de fora, o barulho da chave faz meu corpo travar e minha respiração engatar.

De novo não, por favor. Já foi o suficiente.

O choro se aloja na minha garganta assim que a porta se abre e um pouco de luz se faz presente. O corpo dele está ali, parado na porta, me encarando com desgosto e raiva, as expressões são sempre essas.

Me mantenho parado no cantinho, sentindo minhas mãos tremendo tanto, impossível que meu pai não esteja vendo.

— Levanta, vai até o banheiro do corredor e tome um banho, você está imundo.

A voz dele soa rude e grosseira. Ele está impaciente, sempre está.

Devagar, me ponho de pé, me apoio nas paredes e saio do pequeno quarto, a luz do sol entra pela janela e sinto meu corpo aquecer com a sensação, já faz um tempo que tudo que tenho é escuridão.

Meus passos são lentos, minhas costas e pernas estão machucadas e dói muito para me mover, mas não ouso verbalizar isso. Apenas sigo para o andar de cima e entro no banheiro.

Minha aparência está deplorável, tenho olheiras profundas e extremamente escuras, meu rosto está mais fino, pálido. Ao retirar minha roupa, vejo como meu corpo está completamente machucado. Cores vermelhas, roxas, verde-escuro e um quase preto, estão espalhadas por toda parte, um hematoma pior que o outro.

Frustration || Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora