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Minha paranoia de ser observado começou a quando eu tinha 10 anos.

Vi meu primeiro filme de terror e desde então sempre achava que meus bonecos, e que algum espírito ou monstro estava esperando eu vacilar pra me matar.

Mas é óbvio que nunca aconteceu.
E depois de maior, os medos se tornam outros e mais reais.

Com 16, tive o ataque do tarado, o que me levou a fazer defesa pessoal, para que eu nunca mais passasse por aquilo.


E então os próximos anos trouxeram mais surpresas desagradáveis.

Na rua, fui assediado algumas vezes, o que por si só não é agradável, e te cria inúmeras inseguranças... E nem preciso dizer que dentro de casa, meu pai sempre mantinha a vigia apertada pra cima de mim. Era um campo de concentração.

Eu não podia ficar muito tempo com a porta fechada, não podia me vestir de um jeito mais despojado, com cores vivas e nem mostrar muita pele , nem podia falar com meus amigos por muito tempo no telefone.

Meu unico dia de paz era quando meu pai saia pra ir ao quartel. Ele passava o dia inteiro fora, e eu ficava livre das correntes dele.

Mas sempre achava que ele havia escondido câmeras na casa, pra me pegar fazendo algo errado.
Não tinha privacidade e quando tinha, era com condições que tiravam total sentido da palavra liberdade.

E a desculpa do velho era "eu te dou comida e teto, o mínimo que você tem que fazer é obedecer o que eu mando. "

E fazia disso lei.

Apesar de tudo o que estava vivendo agora... Eu preferia estar aqui só, do que lá, sendo controlado e podado. Pelo menos se eu morresse, eu morreria sendo livre.

Minha antiga casa não era um bom lar.
Eu ainda considerava lar com minha mãe viva, depois... As coisas foram afundando, e aquilo se tornou uma prisão.

Mas agora meu medo de estar sendo vigiado aflorou, porém dessa vez estava diferente, porque eu já tinha uma ideia de quem estava tentando me deixar com medo, e esse inimigo era um pouco mais fácil de dobrar com apelo sentimental.

Eu não sabia porque ele fazia aquilo, mas ele tinha um objetivo.
Talvez se eu não corresse, ou não demonstrasse medo ele desistisse.
Ele parecia se alimentar do meu desespero.

Ele me veria como alguém de respeito... As coisas iriam mudar, certo? Se ele não me assustasse mais... Não havia propósito.

Então a partir de hoje eu iria impor isso.
Quando Hwang vestisse aqueles coturnos e tentasse me amendrontar, estaria perdendo tempo.

Agora era hora de tomar uma atitude... Eu estava cansado de fugir e me esconder igual um Covarde.

Corri e me escondi e olha como eu estava agora... Numa cadeira de rodas com as costas machucadas, meu cérebro parecia que ia fritar, vivendo com o inimigo e sem ter necessariamente pra onde ir.

Eu precisava enterrar meus traumas e seguir em frente, porque eles sugavam muito da minha energia ainda.
Negar meu passado era a melhor coisa a se fazer. Eu estava farto de ser um cagão medroso.

Eu era muito melhor do que isso.

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STALKEROnde histórias criam vida. Descubra agora