who am i?...i'm you.

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Aquela manhã deixei Felix em casa, e segui pra faculdade, onde eu cheguei, comprei um café expresso na cantina e subi pra sala, me sentando no fundo.

Mesmo com a sala uma tremenda baderna, todos falando, o professor resmungando ou falando sobre algo da aula, meus pensamentos estavam no corpo de Felix ainda.

No rosto dele, nos seus olhos, naquelas sardas adoráveis no rosto dele, o cabelo levemente suado...

Eu estava sorrindo enquanto olhava pro meu caderno, copiando palavras vazias que não significavam nada no momento.
Eu só pensava em voltar logo pra casa e ver ele de novo. Em fazer amor com ele de novo.

Eu esperei tanto por esse momento desde a primeira vez que o vi.

Foi em 2018.

Ele não sabia, mas eu estava lá.
Eu sempre estive lá.

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2018

Chegamos ao quartel, onde eu ajudei meu pai a entregar as medalhas de honra a alguns soldados.

Eu só segurava a almofada e ele ia colocando a medalha.
Eu geralmente não gostava de ir ao quartel porque era tudo cinza e cheio de homens feios e grosseiros, mas aquele dia eu vi alguém diferente.

Perto de um dos generais e sargentos, havia um garoto, com sardas no rosto, magro como um graveto, de áurea brilhante e olhinhos adoráveis.

Ele estava com a cara fechada, e parecia desconfortável, mas mesmo assim meus olhos grudaram nele.

Eu não consegui chegar perto dele, mas o que eu consegui chegar, eu vi como ele era bonito e como ficava bem de all star plataforma e como a camisa xadrez caia bem nele apesar do comprimento longo.

Do lado dele eu vi o sargento Lee.
Osso duro; homem viril e sem papas na língua.

Ele vivia dizendo que o filho dele era uma desonra a família, principalmente a parte militar.
Que preferia mil vezes ter tido uma filha do mulher do que o filho que teve.

Eu nunca entendi, até ver o dito cujo.

O filho dele realmente se destacava, e pra mim, era de um bom jeito... Mas pra uma embaixada militar... Talvez ele fosse "fruta" demais.

Assim que a cerimônia acabou, os filhos dos sargentos e tenentes foram pro refeitório almoçar, mas o garoto seguiu um caminho diferente.

Eu vi ele ir embora.
Ele simplesmente pediu um Uber e saiu.
Eu vi ele mais duas vezes numa condecoração, mas ele nunca olhava pros lados.

Sempre estava com um moletom maior que o próprio corpo, tênis surrados, e quando chegava no quartel, eu via ele tirando os brincos da orelha, enfiando no bolso do moletom.

Até que um dia ele não apareceu mais.

Eu descobri que seu nome era Felix, e que ele era 4 anos mais novo que eu, e que frequentava a mesma escola que eu havia frequentado.

Eu não sabia o que fazer com aquela informação... Mas Hwang sabia.

E eu temia isso.

Hwang era meu outro eu.
Eu chamava de alter ego, porque era menos assustador... Mas eu tinha medo de Hwang.

Eu sabia o que ele pensava e o que iria fazer amanhã, depois de amanhã, na semana que vem.

Meus remédios as vezes não davam conta.

STALKERWhere stories live. Discover now