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Na noite de sexta-feira, eu ajudei Hyunjin a preparar o jantar, e depois de comermos e limparmos tudo, ele me levou pra cama, e assim que deitamos e ele desligou as luzes, o silêncio reinou.

Parece que de alguns dias pra cá, as coisas ficaram estranhas.
As vezes ríamos de algo e depois um silêncio imenso enchia o quarto.

Então eu decidi quebrar aquilo.

- Sabe que quando eu vim pra essa cidade e esse bairro, eu pensei que minha vida tinha acabado?

" como assim?"

- pensei que iria virar um indigente em pouco tempo... Não pensei que faria amigos, não pensei que iria viver emoções tão fortes, ficar quase paralítico, arrumar um trabalho, e ter problemas maiores que a perseguição do meu pai...

" e como se sente?"

- apesar dos pesares... Eu me sinto bem.  - eu não me sentia tão bem assim, mas Hwang não queria ouvir isso. Stalkers não ficavam felizes em ver suas vítimas radiantes e com uma vida boa. -  eu aprendi muitas lições... Como não confiar tanto nas pessoas.

Eu senti naquela hora que ele me olhou, apesar do escuro.

" você não confia em mim?"

- na verdade você é o único em que eu confio, Hyun...  Aqui nesse lugar. Você foi quem segurou minha mão, me ajudou e está cuidando de mim, mesmo me conhecendo a tão pouco tempo.  

Eu procurei a mão dele, a segurando, vendo ele a apertar de volta.

- eu acho que gosto de você... Gosto de verdade.

Um silêncio pairou sobre o ar, e eu então vi ele acender a luz do abajur.  Ele sentou, e me olhou.

- o que foi?

"ninguém nunca disse isso pra mim."

- que gosta de você?

" é."

Poucas palavras, mas eu vi como os olhos dele estavam brilhantes e ele me olhava como se eu fosse um ser de outro planeta.

- pois é... Eu gosto de você. Gosto tanto a ponto de querer te beijar e fazer coisas com você, mesmo estando com minhas costas totalmente ferradas.

Eu era homem.
Eu sabia o quão aquelas palavras podiam acender uma chaminha de nada, que logo viraria um incêndio. 

" Felix, porque está falando essas coisas?"

- Porque? Preciso de motivo?  Talvez eu esteja carente... Ou talvez porque eu realmente deseje você.

Hyunjin me olhava como se eu fosse um quebra cabeça confuso e estranho que ele não sabia montar.

Eu podia me fazer de burrinho inocente, ou podia ser direto e reto.
Dependia do personagem que eu precisava interpretar.

- Eu arriscaria tudo agora... Até o movimento das minhas pernas, só pra te sentir dentro de mim...    

" Felix..."

Eu via... Ele estava pronto pra pegar fogo.
Era fácil manipular o cérebro de Hyunjin com palavras, mas Hwang estava lá dentro, lutando e segurando sua outra metade pra não sair pra fora.

Aposto que ele me odiava, e queria muito me enforcar agora, e me ver estribuchar em cima dessa cama implorando por ar.

- me beija.

Pedi, segurando a mão dele, vendo ele pensar um pouco, cedendo ao meu pedido, logo se deitando novamente, mas bem mais próximo, me beijando.

Quando eu fechava os olhos e sentia os lábios dele, que por acaso eram macios e doces, eu me pegava pensando como ele podia me causar tantos sentimentos bons e ruins ao mesmo tempo... Era como estar sendo puxado pelo diabo e por Deus ao mesmo tempo.

Levei a mão ate os botões do pijama dele, os abrindo, vendo ele tirar a camisa que usava e a as calças.

Não demorou pra que minhas calças estivessem do outro lado do quarto também.

Ele abriu os botões do meu pijama, e sua boca desceu. Desceu pelo meu pescoço, meu maxilar, e o meio de meu peitoral, até meus mamilos,  onde ele mordiscou e estimulou com os polegares. 

Apesar de estar o odiando imensamente por tudo, eu amei a sensação de ter ele  com a boca na minha pele, esfregando a língua quente e molhada em cada centímetro onde ele achava que podia me dar prazer 

Mas nada se comparou ao ter ele entre as minhas pernas, me chupando.
A sensação era de outro mundo... Eu até esqueci por alguns minutos quem ele era e o que tinha feito comigo. 

Só consegui lembrar quando ele estava metendo, e eu sentia meu nervo ciático repuxar a cada metida que ele dava.

Mas eu não posso negar, ele sabia o que estava fazendo, e posso dizer que foi muito gentil também... Foi devagar sem pressa, sem afobação, e diferente de Hwang, seus olhos mesmo carregados de malícia, entregavam uma gentileza e um romancismo elegante e apaixonante. 

Se Hyunjin fosse um homem normal... Poderíamos ser um casal de filme. Apaixonados e com uma boa foda de final de noite.

Mas ele era um pervertido fragmentado e atormentado que iria me matar algum dia.  

Então eu iria aproveitar a transa gentil de hoje, pois amanhã podia ser tarde demais.

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Na manhã seguinte, antes de ir para a fisioterapia, eu tomei um comprimido pras minhas costas, e um café reforçado, pois acordei com a fome de 12 homens.

Hyunjin depositou um beijo em meus lábios e saiu correndo com a bolsa aberta, pois estava atrasado e seu ônibus estava passando.   

Eu esperei o Sr. Jung e assim que ele chegou, nos fomos embora.

Naquela manhã, eu ainda estava digerindo a noite de ontem ainda.
Não acreditava que aquele mesmo garoto de ontem, tentou me matar enforcado com um cinto e me deixou sem andar.

Então esse era o famoso relacionamento tóxico?   Devia ser.
Mesmo me deixando sequelado, eu estava lá, me entregando pra ele, bolando uma vingança que eu nem sabia o que era ainda, mas estava bolando.

Porém... Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não estava aproveitando o tempo com o Hyunjin, estudante, gentil e artista que gostava de cozinhar pra mim.

Mas quando dava meia noite eu sempre temia ver Hwang tomar forma... O que incrivelmente não aconteceu desde que me encontrei sem andar. 

Talvez Hwang estivesse com pena, ou Hyunjin havia o deixado de castigo... O cérebro de Hyunjin funcionava de forma curiosa.

Mas eu sabia que meu tempo estava acabando e assim que voltasse a ficar em pé, Hwang voltaria.
E eu tinha que estar pronto pra ele,  ou deveria estar longe daqui.

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STALKERWhere stories live. Discover now