7. Natal

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Feriado de inverno de 2012

WANDA MAXIMOFF

— Será que você pode tirar esse bico da cara? -Agatha jogou um enfeite de natal em mim, chamando minha atenção.

— Me deixa em paz, sua chata! -retruquei e Mônica deu uma risadinha ao nosso lado.

— Vocês são insuportáveis, sabiam? -minha amiga disse, continuando a rir.

As garotas estavam ajudando a montar a árvore de natal, muito atrasada, da minha família. O feriado não era lá a data favorita da minha mãe desde que nosso pai tinha ido embora há anos atrás, mas Pietro tinha insistido em fazer uma comemoração esse ano.

Por isso tivemos que tirar todos os enfeites velhos de natal do porão e tentar montar uma árvore de natal minimamente aceitável para que o clima ficasse, pelo menos, parecido com o feriado de fim de ano.

— A Natasha sumiu já tem dois dias. -admiti meu incômodo, deixando-as saber o motivo do meu mal humor. — Nenhuma de suas redes sociais teve qualquer post e ela também não responde as minhas mensagens.

Ágatha me encarou por um tempo, sabendo que aquilo significava muito mais para mim do que eu estava realmente falando.

— Estamos na pausa de fim de ano, ela deve estar com a sua família ou viajando... Logo vai aparecer. -ela tentou me tranquilizar. — A menos que você tenha um motivo a mais para estar preocupada?

Fechei os olhos e soltei uma longa respiração, deixando a nossa última conversa por telefone voltar às minhas lembranças.

Tenho sentido tanto a sua falta. -ela admitiu com uma voz triste do outro lado da linha. — Parece que essa despedida foi muito mais difícil.

E Natasha tinha razão, era muito mais difícil mesmo. A última semana de sua estadia aqui tínhamos sido inseparáveis, como se quiséssemos recuperar todo o tempo perdido. Ignoramos nossos amigos por dias, apenas para passar a maior quantidade de tempo possível juntas.

Isso resultou numa proporção maior da mentira do Pietro sobre namorá-la, obrigando-o a continuar com isso para que minha mãe não pegasse tanto no nosso pé, mas meu irmão parecia satisfeito em nos ajudar.

A verdade é que beijar Natasha, sentir o seu toque, seu cheiro... tudo tinha se tornado quase um vício para mim e era difícil aceitar que tínhamos tempo limitado.

— Está sendo mais difícil para mim também. -admiti, não querendo parecer triste, mas falhando totalmente. — Não é o mesmo sem você aqui. Nosso grupo de amigos não fica completo, eu também não.

Ouvi seu sorriso através do celular e meu coração se aqueceu de uma maneira inexplicável. Eu estava tão apaixonada por ela. Era realmente assustador o quanto eu tinha demorado para perceber isso.

— Você vai me esperar não vai? -de repente sua voz pareceu insegura. — Quer dizer, nós nunca falamos realmente sobre isso, mas...

— Isso é um pedido de namoro? -brinquei com um fundo de verdade, tentando entender o que ela dizia. — Porque se for, saiba que não aceito pedidos por telefone. Você vai precisar pedir pessoalmente.

— Pode ter certeza que eu vou! -Natasha soou firme e pouco depois disso desligou.

Mônica e Ágatha me encaravam enquanto eu rondava por minhas lembranças, esperando uma resposta. Mas o que eu poderia dizer?

Era difícil me abrir e eu não queria tratar com outras pessoas algo que sequer tinha conversado com Natasha propriamente.

A relação de vocês mudou. -Mônica afirmou. — É claro que todos sempre perceberam como vocês se gostavam, mas parecia que nenhuma das duas queria admitir ou até mesmo lidar com isso. Mas no último verão, depois que vocês se acertaram, as coisas ficaram diferentes.

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