10. E Se A Gente Fingir?

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VERÃO DE 2015

NATASHA ROMANOFF


Fechei o zíper da mala sem muita empolgação, afinal de contas, eu sabia que esse verão seria tenebroso para mim.

É claro que, parte de mim, estava muito empolgada por ver minha mãe e minha irmã novamente, passar algum tempo com meus amigos depois de um longo ano, mas a verdade é que aquela cidade sempre significou Wanda e toda a nossa história.

E agora não havia sobrado mais nada dela.

Eu sabia que havia estragado tudo quando menti tão descaradamente, senti meu coração dilacerar quando ela terminou o nosso namoro e me mandou ir embora. Mas havia essa esperança dentro de mim, me dizendo a todo momento que seríamos capazes de consertar as coisas.

Foi por isso que dia após dia, tentei entrar em contato com ela. Mandei diversas mensagens, liguei, tentei falar com ela nas redes sociais, liguei para o Pietro e, em um momento de desespero, até mesmo liguei para Irina, mas foi tudo em vão. Wanda nunca quis falar comigo novamente e, depois de alguns meses, minha certeza foi ficando cada vez mais fraca.

Talvez ela não me perdoasse realmente.

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­—Será que você pode, pelo menos, fingir animação? –Ivan questionou ao me ver chegar na sala, puxando a mala com uma mão.

— Será que, uma vez na vida, você irá me ouvir e entender que não quero ir nessa viagem? –retruquei e ele bufou alto.

—Nat, essa vai ser uma ótima oportunidade para você se despedir da sua família e também dos seus amigos. –ele explicou pela milésima vez. – Além disso, sua mãe disse que você tinha uma namoradinha lá. Essa não é uma boa oportunidade para vocês passarem algum tempo juntas antes de embarcarem na faculdade?

Aquilo criou uma revolta por dentro de mim. Wanda não era uma "namoradinha". Ela era a pessoa por quem eu estava apaixonada desde quando sequer sabia o que isso significava. Ela era a pessoa que eu havia perdido porque meus pais tinham a horrível mania de achar que sabiam o que era melhor para mim.

— Se vocês não estivessem me descartando para longe sem considerar as minhas vontades, nenhuma despedida seria necessária. –meu tom era cortante e ele percebeu isso. ­ —Mas é claro, Melina e você não se importam com isso, então não é como se fizesse diferença, de qualquer forma.

Não houve mais muitas palavras entre nós e, algumas horas depois, eu estava pousando em Westview.

Yelena me recepcionou com um abraço caloroso que eu prontamente devolvi. Melina sabia que eu não estava em meu melhor humor, portanto manteve-se mais distante, me dando um pouco de espaço.

Encarei as ruas enquanto passávamos de carro no caminho até minha casa. Pensei em como tudo era incrível antes, em como a animação e expectativa por vê-la me consumia e agora nada disso existia mais.

­— Ei, Nat! –Clint apareceu assim que desci do carro. ­— Sua mãe me disse a hora você chegaria e eu decidi vir.

Nos abraçamos rapidamente e ele nos ajudou com a mala e a pequena mochila que eu havia trago. Minha mãe ofereceu lanche ao meu amigo, mas eu o arrastei para o meu quarto, sem dar muito espaço a ela.

­Nos jogamos sobre a cama e conversamos sobre diversas coisas. Clint me contou como Steve estava namorando Peggy firmemente e como Ágatha e Pietro tinham ensaiado um romance há alguns meses, mas tinham desistido pouco tempo depois, decidindo continuar amigos. Laura e ele estavam cada vez mais sólidos como um casal e iriam para faculdade juntos em Nova Iorque após o verão.

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