21. En(fim) - parte 1

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2 ANOS DEPOIS...

NATASHA ROMANOFF

Ágatha me encarou com um olhar desconfiado. Eu sabia que ela sabia que tinha algo errado, mas preferi não tocar no assunto e ignorar esse fato, apenas para não ter que falar sobre.

Ela estava empolgada, falando e falando enquanto apontava algumas rosas que ela queria comprar para Mônica.

— O que você acha dessa? -ela apontou para uma linda Margarida que estava na prateleira mais de cima da floricultura.

— Pelo amor de Deus, você não conhece sua própria esposa? -resmunguei, me virando rapidamente para pegar um lírio azul mais no canto. — Mônica odeia amarelo.

O movimento brusco fez minhas costas reclamarem e eu me recompus antes de encará-la novamente. Ágatha não deixou passar despercebido e ergueu as sobrancelhas em minha direção.

— Você tem razão. -ela pegou o lírio da minha mão, os olhos ainda em mim. — Dor nas costas? -perguntou como quem não quer nada.

— É, algo assim. -desconversei, mas percebi que precisaria de mais para desviar o assunto dessa vez. — Dormi de mal jeito, a idade está dizendo "oi".

Caminhamos em direção ao balcão, Ágatha retirando sua carteira da bolsa para pagar o lírio azul que eu tinha certeza que Mônica iria amar.

A atendente começou a digitar alguns números na maquineta e olhei para o chão para evitar o contato.

— Engraçado... -Ágatha voltou a falar quando a mulher lhe entregou a sacola e seu cartão de volta. — Wanda passou hoje de manhã para tomar café com a gente e ela parecia destruída. Será que ela dormiu de mal jeito também?

Pausei os passos por um segundo, sabendo que um verdadeiro interrogatório viria a seguir, mas tentando pensar em algo que me livrasse daquilo.

Ela estava claramente esperando uma resposta e bufei audivelmente antes de falar, apenas para que ela soubesse que eu não estava afim de ter aquela conversa.

— É, a idade chegou para nós duas, aparentemente.

Para a minha surpresa total, Ágatha apenas confirmou com um leve aceno de cabeça e continuou a andar ao meu lado enquanto íamos em direção ao seu carro.

Entrei no lado do carona e esperei que ela desse a volta, ainda em silêncio. Não queria arriscar voltar a falar e tê-la me interrogando novamente.

— Não vai ligar o carro? -Perguntei após alguns segundos quando ela entrou e continuou apenas sentada.

— Você vai me dizer o que está acontecendo? -seus olhos inquisidores me encararam e eu desviei o olhar rapidamente.

— O que está acontecendo? - devolvi a pergunta me fazendo de idiota. — Não tem nada acontecendo.

A mulher de cabelos pretos bufou e eu prendi o riso, porque sabia que estava a deixando irritada e, de certa forma, era um pouco engraçado, mesmo que ela estivesse prestes a arrancar a minha cabeça.

— Bom, deixe-me ver... sua namorada batendo na nossa porta às 7h da manhã sem nenhuma necessidade talvez seja algo acontecendo. -ela ergueu o dedo indicador, começando a enumerar. — Você me chamando para almoçar no meio da semana, quando em um dia normal, eu precisaria fazer a pior das chantagens para arrancar você de casa e de perto daquela árvore velha e idiota. Ou talvez seja o fato de que o seu humor, que já é péssimo, se encontre ainda pior, mesmo sem nenhum motivo aparente.

— Não, não tem nada acontecendo. -falei com a expressão mais descarada do mundo, o que fez Ágatha ferver. — Vamos embora.

— Natasha, me erra! -ela deu um gritinho. — Eu sei que você quer conversar e que foi exatamente pra isso que me chamou, então para de ser essa pessoa completamente reclusa e deixa sair.

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⏰ Last updated: Mar 13 ⏰

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