12. Quando Tudo Recomeça

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NATASHA ROMANOFF

Jane me olhou e eu sabia exatamente o que estava passando por sua mente. Sabia também que o confronto não demoraria a vir, mas deixei que ela tomasse a iniciativa.

Minha cabeça ainda girava com o reencontro.

Estávamos em um restaurante muito próximo da minha casa, tínhamos ido a pé e agora eu estava completamente arrependida disso. Tudo que eu queria era voltar para o interior do meu quarto e deitar na minha cama em posição fetal.

— É ela, não é? -minha namorada questionou, seu tom não era nada amigável, mas decidi que me faria de desentendida.

— Ela quem? - questionei e vi sua expressão se tornar quase raivosa. Talvez não tivesse sido uma boa ideia.

— A jogadora de vôlei que você passa horas e horas assistindo como se fosse uma obsessão. -ela disse aquilo com um desdém incrível e parte de mim pensou no quão megera ela era. — A sua namoradinha de infância.

Eu nunca menti sobre Wanda, pelo menos não totalmente, mas também nunca abri meu coração para Jane, não sobre isso.

Pensando bem, sobre nada realmente.

Mas nosso relacionamento já levava quase dois anos agora e ela já tinha tido o suficiente para me conhecer, para deduzir muitas coisas e perceber outras tantas. Eu tentava, na maioria das vezes, manter o assunto Wanda para mim, mas acho que era pior nisso do que imaginava.

— Sim, é ela. -confirmei porque não fazia nenhum sentido mentir sobre isso. — Porquê?

— Nada, foi apenas interessante te ver tremer na base. -mais uma vez havia desdém em sua voz. — Ela é diferente pessoalmente, na televisão parecia mais alta. Mais... encorpada.

Eu sabia que ela estava chateada com a minha reação e com a forma que eu vinha me comportando desde que Wanda tinha cruzado nossos caminhos alguns minutos atrás, mas não deixava de ser irritante como ela se comportava.

— Jane, vamos mudar de assunto. -pedi honestamente, querendo apenas esquecer que aquilo estava acontecendo.

— Eu acho isso ótimo. -ela me deu um sorriso que eu não sabia dizer se era falso ou não. — Não temos porquê falar de alguém que não significa nada para nós.

Depois de comermos, com uma desculpa esfarrapada, fui para casa sozinha, deixando uma Jane nada feliz em um Uber em direção à sua própria casa.

Sentei no sofá da sala e liguei a TV, deixando a calmaria solitária do ambiente me preencher.

"... Wanda Maximoff deixa o time de Long Island de Nova Iorque, perdendo de vez a sua chance de chegar à seleção, depois de fazer uma incrível temporada na liga profissional..."

— Ótimo! -resmunguei para mim mesma, pegando o controle que estava jogado ao meu lado.

Mas, como Jane mesmo disso, eu era obcecada, então ao invés de desligar a TV, eu apenas aumentei o volume.

"... Seu pai e agente, Erick Maximoff, não quis dar maiores explicações sobre o assunto. É preciso lembrar que o Maximoff esteve envolvido em um escândalo de armação de resultados que beneficiavam algumas casas de apostas. Nossa reportagem não conseguiu apurar de a atleta agia junto com o seu pai."

Me perguntei se esse era o motivo para ela estar de volta. Me perguntei também o que teria acontecido para que ela simplesmente largasse tudo, Wanda parecia completamente aficionada à sua carreira. Ela era muito dedicada.

Sim, eu havia acompanhado, mesmo de longe, Wanda Maximoff ao longo dos anos. Era engraçado perceber a grande atleta em quadra, sua postura confiante, sua habilidade... completamente diferente da garotinha que conheci há muitos verões atrás.

QueridaWhere stories live. Discover now