NATASHA ROMANOFF
"Eu vou voltar para Nova Iorque, Natasha."
As palavras de Wanda continuavam rondando minha mente, mesmo três semanas depois dela ter ido embora.
Coloquei o livro que estava lendo sobre a mesinha de centro em frente ao sofá, porque era claro que minha concentração havia se perdido mais uma vez. De certa forma, eu entendi os motivos pelos quais ela tinha ido, mas odiava cada um deles.
A verdade é que eu sentia falta dela.
− Como assim você vai voltar? -era como se ela estivesse dizendo a coisa mais absurda da face da Terra e, por um momento, busquei seus olhos para ter certeza que não era alguma brincadeira muito fora de hora.
É claro que sua expressão denunciava que ela estava falando mais do que sério e dessa vez me afastei completamente, sentando no sofá de Ágatha em completo desespero pela segunda vez naquele dia.
− Natasha, me ouve...-Wanda pediu com um tom ameno, mas eu não queria ouvir.
Não queria nada do que ela iria me oferecer como explicação, porque eu estava cansada de toda essa situação.
− Vai embora, Wanda. -respondi com amargura. – Se é isso que você quer fazer, então faça.
No fundo eu não queria que ela fosse embora, era bem claro isso no passado e também era muito claro agora, mas a raiva estava falando mais alto e os anos de frustração também pesavam muito naquele momento.
Wanda, no entanto, não acatou ao meu pedido e, diferente do que eu esperava, sentou ao meu lado e puxou minhas mãos para segurá-las entre as suas. Evitei olhá-la porque só tornaria tudo mais doloroso àquele ponto.
− Natasha eu te amo. -foi a primeira coisa que ela disse e, sendo traída pelo meu próprio corpo, meus olhos buscaram pelos delas de maneira desesperada no momento em que aquelas palavras saíram da sua boca.
− Estranho jeito de amar. -respondi ainda magoada, mesmo que meu coração batesse a 100 km/h naquele momento.
− Eu preciso ir. -esse justificou.
− Por quê? Eu não consigo entender! -disse mais uma vez revoltada.
− Primeiro porque preciso limpar o meu nome. Não é justo comigo e com toda a carreira que construí, deixar que Erick manche minha imagem dessa forma, ainda mais agora que você me fez perceber que fui manipulada pela minha mãe para me deixar longe de você. -explicou, com uma mágoa muito clara em sua voz. – Mas ainda assim, o motivo principal de eu estar indo é porque eu te amo.
Nada daquilo parecia fazer o menor sentido e minhas pernas ficaram inquietas, então tentei levantar, mas suas mãos me prenderam no mesmo lugar.
− Wanda, me solta! -exigi, não querendo fazer nenhum movimento brusco, mas querendo menos ainda permanecer ali perto dela.
− Vou soltar quando você me ouvir. -ela disse com firmeza. – Natasha nós somos uma bagunça. Mesmo quando ainda éramos duas crianças, brigamos e nos afastamos diversas vezes por não sabermos lidar com a intensidade desse sentimento. Começamos a namorar e, embora tenha sido a coisa mais linda que já vivi, sempre foi conturbado pela saudade, pela distância. Quando descobri que você tinha mentido pra mim, deixei a impulsividade falar mais alto porque, como sempre, tudo com a gente sempre foi intenso demais para que eu soubesse lidar. Então eu cometi a idiotice de namorar o Bucky, achando que seria capaz de preencher esse vazio enlouquecedor que você deixou em mim. É claro que foi a pior coisa que eu poderia ter feito e só afastou mais ainda nós duas. Fui embora para tentar fugir da sua ausência, preenchendo os vazios que ficaram com pequenas coisas que nunca me completaram realmente. E, mais uma vez, cometi a idiotice de tentar enfiar alguém em um coração completamente cheio de vazios e olha como tudo terminou. Eu não quero cometer o mesmo erro, Nat. Porque se eu ficar aqui, você vai ser a única coisa que meus olhos vão ver, a única que meu corpo vai saber processar e eu não quero mais uma vez resolver um problema com outro. Quero dar tempo para Darcy se curar do mal que causei e quero ficar bem, quero parar de me acostumar com a sua ausência para saber lidar com o fato de que você vai ficar e que eu vou ficar também. Quero estar cem por cento aqui, sem medos, sem magoar mais ninguém, principalmente você. E então, quando eu voltar, vamos poder recomeçar da forma certa. Do jeito que tem que ser. Não quero te entregar um amor apressado que parece deixar destruição por onde passa. Eu quero ser inteiramente sua, Natasha.
