11 - Desenterrando memórias

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Caminhamos apressadamente em direção à saída do bordel, as marcas em meus braços começaram a queimar. Mordi o lábio com força, suportando a dor enquanto seguia Meish.

Finalmente, fomos saudadas pelas ruas já pouco movimentadas da cidade, o vento frio ainda soprando de vez em quando em meu rosto, contrastando fortemente com a dor ardente que me atormentava. Comecei a suar frio e não consegui evitar fazer uma careta de dor, Meish percebeu o meu estado e parou de caminhar.

"As dores voltaram?" Ela se virou de frente para mim.

"Sim." Espremi a palavra por entre os dentes cerrados, fazia um tempo que as marcas não estavam mais ardendo, mas hoje o pesadelo havia voltado.

Meish refletiu por alguns segundos que para mim pareceram horas, cada instante de dor era como uma faca abrasante tocando a minha pele violentamente, queimando cada centímetro do meu corpo e quase arrancando-me gemidos de dor. Cerrei os punhos e apertei os olhos com força, minhas pernas começaram a vacilar, o tremor tomando conta do meu corpo, e eu me senti lentamente perdendo as forças.

As lembranças de tormenta vieram à tona em minha mente de súbito, eu sabia que não podia escapar daquilo, os poucos dias de paz que tive haviam se esvaído. Logo, eu não consegui mais me manter de pé, e lentamente a minha resistência se foi, meu corpo cedeu, e a minha cabeça tombou para o lado enquanto eu caía, me preparei para a dor da queda, como havia ocorrido em todas as outras vezes.

A dor sempre surgia de repente, roubava-me as forças, e eu teria que procurar um lugar seguro para cair no chão e me encolher, suportando-a até que ela resolvesse me deixar. E depois, com o corpo mole e fraco, eu ficaria por horas, tentando em vão me recuperar, e finalmente, alguma força voltaria, apenas o suficiente para que eu me levantasse a caminhasse alguns poucos metros.

Mas dessa vez foi diferente, antes que meu corpo se chocasse contra o chão, alguém me segurou, eu não precisava pensar muito para saber quem era. O toque era quente, não como a dor que queimava a minha alma, era suave e aconchegante.

Senti um ligeiro alívio tomar conta de mim, e eu fui levada para algum lugar mais escuro e vazio da cidade, não conseguia discernir precisamente onde ou como Meish me levou até lá.

Depois, fui envolvida com algo macio e grosso, e mãos tocaram os meus braços, abri os olhos e vi novamente a bela luz dourada emanando das marcas, e junto com o brilho que se reunía para se direcionar às mãos de Meish, a dor também estava indo embora, me ajudando a raciocinar mais lucidamente.

Quando meu corpo parou com o tremor, consegui finalmente movê-lo, e eu me inclinei na direção de Meish. Olhei ao redor, eu estava sentada em cima de um cobertor, e outro estava cobrindo-me por trás, eu estava suada e ainda ofegante, o cansaço ainda presente tornava os meus movimentos exaustivos e rígidos.

Meish me observou por um tempo e retirou as mãos dos meus braços. "Está melhor? Consegue se levantar?" Os olhos escuros fitaram os meus.

"Sim" Minha voz saiu rouca e fraca, não era difícil notar o quão exausta eu estava.

Ela então me ajudou a levantar, envolvendo um dos braços em minha cintura e o meu braço em seu pescoço, apoiei todo o meu peso nela, não queria fazer isso, era um pouco rude, mas não tive escolha, não tinha forças para fazer praticamente nada. Meish foi paciente e me deixou encostar a cabeça na sua, embora o movimento fizesse meu pescoço doer um pouco, afinal, eu era um pouco mais alta do que ela, mas eu gostava da sensação.

Daquela forma, nós caminhamos lentamente, passo por passo, até a pousada, vez ou outra Meish sussurrava em meu ouvido, assegurando-me que estávamos chegando. A cidade já estava quase vazia na madrugada fria, e finalmente, adentramos o amplo espaço da pousada e subimos para o quarto que foi reservado.

Misty (Girl's Love)Where stories live. Discover now