3

146 24 5
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Eles só querem uma razão.

Uma razão.

Selene encarou a torta paradiso, a visão da torta se desfocando enquanto mastigava o pedaço de pão de ló. Tinha sido preparada por Ada após o grupo entrar no refeitório, a cozinheira na esperança de que o julgamento – de conhecimento por todos ali no acampamento – teria sido um sucesso.

Que eles estavam livres.

Assim como a canção composta por Alexander e Will, a torta tinha sido feita em comemoração à absolvição do julgamento. Mesmo assim, Ada pediu para que eles comessem da torta caseira; eram ingredientes dos suprimentos que recebiam, e não poderia haver desperdícios ali dentro.

Selene suspirou sem deixar de fitar o pedaço de pão de ló e creme fresco, lembrando-se do rosto de Eran e dos bispos que o ladeavam.

Uma razão.

Se nem mesmo a ascendência de Selene tinha sido levada em consideração – o que provava que suas escolhas eram independentes de qualquer linhagem −, então o que estava muito acima de todos eles, o que habitava em Selene, ainda não havia chegado aos ouvidos do clero.

Ainda bem.

Pelos anjos, ainda bem.

Mesmo com tantos demônios para lutar, nas noites em que seus olhos não se fechavam para descansar apesar do corpo gritar por ele, Selene sabia do que ela carregava dentro de si.

Do que tinha visto – e do que equilibrava as coisas no mundo.

A Balança.

Quando ela pensava demais naquele assunto – o que era quase sempre – durante as noites, Selene tinha consciência daqueles que sabiam de seu segredo: de Jack a Kaine, exceto por Angelie e Jason, e nem mesmo Sebastian sabia daquilo. Ela havia contado sobre Celenia, sobre o que significava aquelas marcas em seu rosto, sobre as trevas.

Sobre a luz.

Então, você basicamente está acima até de Deus, dissera Melanie incrédula quando Selene terminou de contar – se sentindo quase como o avô ao narrar uma história absurdamente impossível.

Ela nunca conseguira... invocar luz para poder provar alguma coisa. Tinha tentado, é claro que tinha; mas era um esforço no qual ela não sabia nem por onde começar. Ou energia para fazê-lo; porque quando tentava, a energia de seu outro controle, o da água, se esvaia muito mais rapidamente, como se o inconsciente dela pensasse que a fonte era a água, e não a luz.

Selene ainda pensava a respeito em usa-la, mas seu corpo estava ocupado demais em se recuperar.

Cansaço. Combate. Se recuperar, e então lutar outra vez.

― Lana estava reclamando que tinha sido inútil chama-la para o julgamento sendo que nem ela e nem Aly tem a ver com Selene. – comentou a voz de Melanie, os ouvidos de Selene mudando a atenção para a conversa das amigas no quarto dela e de Liz.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Where stories live. Discover now