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Seus olhos estavam dispostos a permanecerem abertos. O peso do cansaço ainda lhe caia nos ombros como uma gravidade insistente, como se o corpo estivesse estilhaçado e só restava a Selene continuar deitada.

Ela observava os dedos acariciarem os cabelos ruivos de Liz que dormia sem mover um músculo do rosto, como se sonhar dependesse da escassa energia que restara após um dia de batalhas e uso de poder.

A amiga havia preparado uma caneca do chá que ajudaria no sono; fizera muitos testes antes de conseguir ramificar as ervas vindas da própria magia e, quando Selene voltou do banho logo após ter se despedido de seu pai e de Maze, ela engoliu aquele chá como se fosse a última gota de água do mundo.

E mesmo assim, não adiantou.

Selene suspirou, passando um dedo na têmpora de Liz. Jack dissera para que não se preocupasse com o que acontecera em Colonia Borhanci, que eles encontrariam um jeito de controlar aquilo dentro dela como fizeram com o Escudo de seu braço usando um bracelete como selo. Mas Selene sabia que não deveria haver selo algum para refrear as trevas; ela teria que saber controlar a si como sabe controlar a água, quando chama-la e quando cessa-la. Saber dos limites do próprio domínio mesmo quando já estivesse usado em demasia.

Contudo, Maze a fez lembrar de algo que ela quase se esquecera que praticava tanto antes: encontrar a resposta nos livros.

"Os livros de seu avô continham a verdade apesar de assemelharem a fantasia." A voz dele era tenra enquanto a testa estava recostada na dela, antes de partir para a muralha. "Para compreender as chaves, o que Luther queria, sobre Abaddon; você recorreu aos livros. Se história é intrínseca a você, volte para ela."

Selene quase estourou em lágrimas, mas se conteve. Maze a deixara na entrada dos dormitórios e partira para uma Caçada.

Ela divagou sobre os livros durante o banho – e de qual o Exorcista provavelmente estaria se referindo.

Aquele no qual encontrara na casa de Alya.

As Estrelas Daquela Escuridão.

Selene não tocara naquele livro desde que voltaram de Edenyn Erd, dois meses antes. O tempo era seu inimigo – não conseguia fazer nada além de lutar, dormir, comer e acordar outra vez. A última coisa que se recordava de ter lido era a carta que Maze lhe dera no aniversário.

Não lia nenhum livro do avô havia tempo.

E mesmo que o livro da casa de Alya não fosse um de seus livros, havia algo sobre Celenia entre os papéis rugosos.

Liz se remexeu no colchão, levando uma mão aos dedos de Selene, abrindo os olhos devagar. A testa se franziu ao vê-la acordada.

― O chá... não funcionou?

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora