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Era como estar carregando um grande livro pesado. Uma rocha que havia desmoronado, e ele estaria carregando-a outra vez para cima de uma colina. Como Sísifo. Às vezes, como Atlas; carregando um mundo de nomes e causas de suas mortes sobre os ombros - sabendo que aquilo sempre iria acontecer, da inevitabilidade do fim.

Maze suspirou outra vez enquanto seus passos eram abafados pelo som de caminhadas em outras alas da Academia, atravessando o corredor principal, desviando de alguns glaives e Exorcistas, demorando-se em algumas figuras uniformizadas à procura de alguém com cabelos curtos e alguns fios azuis.

Era um hábito, ele sabia; era uma das coisas que ele ainda se ajustava a se acostumar - mesmo em zona de batalha, Maze tendia a procurar por Selene, como se ela fosse emergir do chão. Agora seus olhos a procuravam como nunca; depois que Melanie Swet perguntara se ele percebera algo diferente nela, e depois de sua volta de uma excursão em Colonia Borhanci... Maze havia chegado de uma missão de proteção ao sul da muralha, e encontrara Elizabeth aflita dizendo à uma das integrantes da equipe para que não fosse atrás de Selene. Maze não demorou em avistar Jack Midnight ir atrás da filha - e o seguiu.

Maze engoliu em seco, relembrando-se do rosto de Selene. Dos olhos dela - enormes cheios de lágrimas, como se não tivesse forças para conter o oceano dentro de si. De seus dedos frios sobre os dele, dos ruídos e soluços arrancados do fundo da garganta. Maze e Jack ficaram calados, apenas escutando seu choro, o braço do pai dela ao seu redor como se os dois fossem crianças novamente.

Então, próximo à orelha de Selene, Maze cantou. Tinha sido apenas um murmúrio de hmmm entonado na canção que a própria Selene havia cantado para ele em seu aniversário. Ele não sabia cantar, certamente, e sempre dava preferência à instrumental do que voz.

A canção fluiu dele como uma língua nativa - havia sido nas mesmas palavras erdianas que Selene havia cantado, como se Maze tivesse domínio delas desde sempre.

Ele seguiu para o vale noturno,

o pequeno caçador, pairando sobre as flores brilhantes,

erguendo os olhos

e observou a lua.

O murmúrio se tornou mais audível à medida que os soluços de Selene suavizaram, deixando apenas o som de sua respiração, o rosto ainda enterrado entre Maze e Jack. O pai dela ergueu seu rosto, limpando suas lágrimas com um sorriso tenro e dissera:

― A voz dele é mais angelical do que a minha. Acho que vou pedir para ele cantar para mim quando eu for dormir.

Maze não resistira e soltara uma risada, fazendo Selene rir também. Era um som no qual ele se agarrava em se recordar - sua ausência havia ficado muito maior quando foram para Roma, e agora, talvez, seria muito pior.

Ele fez uma curva, entrando em outro corredor que dava acesso à porta que levava à área dos Exorcistas. Maze normalmente fazia uma averiguação do território quando saía para as missões, tentando encontrar uma lasca que fosse do Mundo Proibido de Selene. Sentira em seus soluços que não era apenas o acidente na excursão que a angustiava; era aquele julgamento, outro pedaço de pedra que ela carregava, cada dia se passando como mais rochas se amontoando acima.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora