22

92 8 1
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Liz se abaixou e pegou o caco de vidro entremeado por um ramo de camomilas, as pontas grotescas de um pote ou garrafa destruída.

Não era o fragmento daquele mundo.

Ela suspirou, deixando o caco de vidro acima das flores de camomila como uma lente embaçada e riscada. Aquela avenida estava repleta daqueles cacos; garrafas de bebidas e de azeite quebradas no asfalto, espalhadas pela grama alta que oscilava com o vento tranquilo gelado.

Liz se levantou, observando o vasto espaço de grama adiante, a equipe segregada aqui e ali, e avistou Will agachado entre a mata, como se estivesse puxando alguma coisa, o riffle apoiado nas costas. Ela o viu sorrir e se erguer, virando-se para ela e caminhou segurando um punhado de margaridas selvagens.

― Olha que fofas – disse ao se aproximar, os olhos brilhando para as flores. – Mas acho que sempre nascem em qualquer lugar.

― Elas se parecem com camomilas também – Liz sorriu, pegando o punhado quando Will lhe entregou. Ele estava diferente daquela vez; havia se atrasado para a excursão, dando desculpas à Jorah e Mahin com um sorriso brilhante no rosto. – Você consegue diferenciá-las pelo perfume.

Ela se abaixou outra vez e puxou as camomilas, Will fungando alto enquanto inspirava o aroma ameno da flor, e Liz se lembrou que, sempre quando sentia aquele cheiro, o sabor do chá de camomila chegava até sua língua como se estivesse bebendo.

― Me lembra chá – disse o rapaz, franzindo a testa com uma risada curta.

― É bom para o sono – Liz girou o talo da flor, lembrando-se de Selene. Ela tinha tentado ajudar com a insônia da amiga usando camomila uma vez, mas não adiantara; Selene aparecia com os olhos cansados apesar de sempre dizer que estava sempre bem. Que ficara apenas algumas horas acordada até pegar no sono.

― Não fiquem parados por muito tempo – disse Mahin a alguns metros deles, sem elevar a voz demais.

Will respirou fundo, ajeitando algumas margaridas na orelha, levando mais outras no cabelo de Liz.

― Você parece feliz. – ela disse, observando o rosto dele enquanto seus dedos colocavam cuidadosamente os talinhos das flores entre os fios das mechas. – Aconteceu alguma coisa antes de virmos para cá?

Sempre acontece alguma coisa. – ele riu.

Liz sorriu, girando a camomila entre os dedos. Desde que saíram de Pittsburgh para irem até Roma e de terem recebido uma mensagem de que Daniel e Zoey, avô e mãe de Will, haviam viajado até Salem para protegerem o lar deles dos demônios, o rapaz havia ficado consideravelmente mais quieto e reservado – além de que havia o terrível fato de Alexander não estar mais... entre eles.

Mesmo que Will estivesse feliz com a volta dos mortos – como ele falava – do avô, ainda havia uma parte dele que não havia o perdoado. Ele havia contado à Liz sobre quando era mais novo, das ofensas e chacota que sofria sobre ter nascido no Halloween e de sua mãe ter fama de bruxa devido aos seus métodos mais naturais de tratar febre e feridas da pele. De quando, nesses momentos, quem aparecia para caçoar daqueles que lhe machucavam era Daniel, fazendo uma abóbora enfeitada falar, de um espantalho sair correndo atrás das crianças.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Where stories live. Discover now