Prólogo

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A flor que não tem caule, nem folha ou raiz, alimenta-se de uma certa árvore específica para sobreviver num mundo caótico em que, sozinha, não teria tantas chances. A Rafflesia arnoldii, ou apenas raflésia, mesmo com difícil vida, torna-se a maior flor conhecida, repleta de batalhas por sua sobrevivência, necessitando do caos mundano para se manter viva.

Com todas as partes não compreendidas pelos meros mortais, a raflésia se mantém única, majestosa e reinante em seu hábitat. Perséfone, com suas razões divinas, deu diferentes formas de sentido aos insetos que permeiam as florestas, buscando polinizar o que for único. Talvez por pensar num futuro mundo tão caótico, a deusa criou as flores mais diferentes e resilientes, buscando inspirar as almas que viveriam nesse lugar hostil de difícil sobrevivência.

A flor, essa asiática e estranha flor, estava lá, no topo de uma das colinas que ficavam na fazenda da velha viúva, Dona Edith. A raflésia se encontrava ao lado de um punhado de tetrastigmas que, por sua vez, paravam nas raízes de um caule forte de uma árvore que portava folhas largas e quase compridas. Essas folhas pareciam se dividir em precisamente sete folhas menores. Tal árvore de raros doze metros também era asiática, e obedecia religiosamente a cada estação do ano, mudando sua folhagem que variava entre o verde, o amarelo e o vermelho, chegando até o caimento total das folhas, no outono. Era um pé de bordo japonês.

Caso Sinta FrioWhere stories live. Discover now