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Espero que gostem. Boa leitura.

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Point view of Maria Julia

Neymar chegou, não foi por que eu tinha pedido. Ele já estava vindo para Londres antes, no dia em que tudo aconteceu Neymar e meu irmão tinham conversado e eles fariam uma parceria juntos para a Adidas eu acho.

Mas felizmente isso caiu perfeitamente bem para mim, e eu tinha tomado a possível pior decisão da minha vida, nada apoiada por Lucas.

-Cê deveria conversar com ele -Neymar passou a mão pelos pequenos machucados em meu braço- O cara merece uma explicação antes de...

-Explicar o que? Dizer que é tudo minha culpa, que eu sinto muito? -Suspirei- Só vai piorar tudo...

-Sim, conversar igual gente Maju. Cê consegue conversar comigo mas não consegue conversar com ele? É de foder né?

-Com você é diferente, no início eu não quis nem deixar ele se aproximar era verdade, mas ele praticamente quebrou na porrada todas as minhas barreiras e se aproximou de mim -Eu me sentei, Neymar segurou minha mão- É isso me assustou por que eu senti que entrei naquela montanha russa igualzinho com Reinier.

-Nao! Nunca foi igual o Reinier Maju -Ney cruzou os braços.

-Ta, ele foi chegando sabe, eu tentei tanto me afastar. Só que foi impossível, e eu não sabia como agir o que fazer.. então eu só dei pra ele o que me deram a vida inteira.

-Porra Maju, quando você quer você fala tá vendo? Diz isso pra ele, resolveria metade dos B.O antes da gente ir...

-Eu não consigo -Mordi o lábio- Desculpa Ney..

-Ta, você conversou com Lucas?

-Ela conversou -Lucas entrou no quarto- É eu tenho uma condição para deixar vocês irem, eu quero que você enfie a Maria Julia na terapia, nem que seja na base da porrada.

-Nao precisa exigir isso -O encarei- Eu disse que iria, faria tudo bonitinho... Ia ficar normal.

-Voce é normal Maria Julia -Meu irmão falou- Tu tem certeza que quer ir morar em Paris?

Eu balancei a cabeça, meu irmão jogou a cabeça para trás.

-As crianças precisam de você, como vai ser...

-Eu tenho um jatinho -Ney falou- Eu venho toda semana buscar eles e levar pra Paris sem problema

-As crianças iam achar um máximo -Lucas riu e me olhou- Eu viajo com a titia, você não...

-Benicio nem fala direito mas debochar de mim ele sabe -Eu ri.

-Aprendeu contigo nem vem -Lucas sorriu- Tem coisas que acontecem pro nosso bem Majuzinha, talvez isso seja uma dessas coisas.

-Eu sei... -Sorri de lado- Que dia vocês vão fazer a campanha da Adidas?

-Amanha -Eles falaram juntos.

-Nos vamos embora depois de amanhã, eu pedi para buscarem suas coisas amanhã -Neymar falou- Minha mãe já tá olhando sua casa lá em Paris...

-Tudo bem...

-Maju -Lucas me chamou- Pelo menos avisa ele que você tá indo embora. Só pra ele não achar que é culpa dele sabe?

-Eu vou pensar nisso Paquetá, obrigada -Mandei beijo, meu irmão saiu do quarto, Neymar me abraçou.

Eu fiquei o resto da noite com Neymar na cama, no dia seguinte de manhã algumas pessoas contratadas por Neymar já tinham começado a pegar minhas coisas para levar para Paris.

Poderia parecer uma decisão extremamente infantil ou uma tempestade em copo d'água eu sei, mas Martinelli foi só a faísca que minha bomba de anos precisava para explodir. Realmente não era culpa dele, mas sim minha, minha por nunca ter lidado com isso.

Mas ir morar em Paris, longe do Lucas, longe dos meus pais parecia uma boa ideia. Eu sabia que Neymar não seria igual Lucas, Neymar me defendia mas também sabia jogar a responsabilidade em mim.

Eu desci as escadas e fui tomar café, Benício e Filippo grudaram em mim e eu dei café para eles também.

Lucas e Neymar tomaram café e saíram.

-Nem acredito que você vai ir... -Duda falou, ela estava evitando dizer que eu ia embora na frente das crianças.

-Nem eu acredito, parece que é a coisa mais burra que eu tô fazendo da minha vida.

-Acredita não é, acho que é a coisa mais madura que você poderia fazer. Saber tirar seu time de campo.

Eu concordei vendo as crianças brincando.

-Eu vou conversar com eles, eu não quero deixar meus pequeninhos tristes sem saber o que houve -Falei.

-Eu sei, Lucas me contou a proposta de levar eles para Paris, inclusive me perguntou se eu viajaria com eles para poder ver você... Se vocês quiserem eu topo, por que eles vão sentir muita falta.

Eu vi os olhares das crianças virem para nós, aqueles ouvidinhos fofoqueiros.

-Eu vou no quarto, já volto -Sorri e me levantei.

Fui até o quarto, respirei fundo e fechei a porta. Sentei na cama e comecei a pensar em tudo.

Martinelli merecia uma explicação, não era culpa dele, nunca foi.

Eu peguei meu celular e liguei, eu não conseguiria conversar cara a cara. Tocou duas vezes até ele atender.

-Alo? -Ele disse sonolento, não era tão cedo, nove talvez dez da manhã.

-Gabriel? Sou eu, Maria Julia, pode falar?

-Espera....

Eu esperei quase cinco minutos.

-O que você quer? Lucas foi bem claro quando me pediu pra te deixar quieta, achei que isso também se aplicava a você me deixar quieto.

-Olha Martinelli, nada disso foi sua culpa, foi sempre eu que nunca soube lidar com carinho do outro -Falei baixo- Eu falei sério quando disse que nunca quis ferrar sua vida.

-Nunca quis mas ferrou, qual era sua intenção comigo Maria Julia? -Ele murmurou- Não era paixão, não era amor... Era tesão? Ou era só a necessidade de brincar comigo mesmo?

-Eu nunca quis brincar com você...

-Voce nunca quis nada -Ele falou- É eu sei, nada disso foi minha culpa. Foi sempre você a louca mesmo, eu devia ter escutado Lucas.

-Sinto muito, sei que não vai adiantar mas eu sinto -Eu tentei não imaginar Gabriel ali, tentei não imaginar suas expressões.

-É a típica mulher brasileira né... Ela te faz acreditar em amor é depois te mostra que nada passa de dor -Ele riu irônico- Era só isso? Eu preciso desligar.

-Ainda existe amor, pode acreditar. Só não deve ser comigo, eu acho -Eu falei.

-Eu nunca te amaria mesmo, tchau Maria Julia.

-Prometo não voltar, se cuida viu.

E então eu desliguei, típicas mulheres brasileiras não brincam com você Gabriel, geralmente elas não sabem o que sentem e acabam perdendo as pessoas mais incríveis possíveis.

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Veio ai finalmente o maior ato dessa fic. Espero que estejam gostando até o próximo.

Típica Mulher Brasileira - Gabriel MartinelliOnde as histórias ganham vida. Descobre agora