Mina do Condomínio - Lucas Paquetá

Capítulo 11

---- DUDA FOURNIER ---- 

Como de costume, não me ligo na hora e quando dou conta, vejo que já passam das 23h. Merda, o restaurante fechou e perdi a janta. Passei o dia inteiro aqui no quarto, pode não parecer saudável, mas me faz bem esse tempo só.

Olho para meu celular para tentar recuperar as mais de 8 horas que perdi e a primeira coisa que vejo é uma mensagem um tanto quanto indesejada no momento.

Lucas Tolentino 7️⃣:

  - eae, tiktoker

  - nn veio jantar pq?

Encaro a mensagem enquanto estou em um dilema meu comigo mesma: respondo ou ignoro? Depois de um tempo pensando, resolvo responder.

  Eu:

    - Oi

   - Não fui pq tô no quarto,  me perdi na hora.

Fui seca? Talvez, mas prefiro acabar com as expectativas dele agora do que tornar isso tudo uma bola de neve. Para começar que nem eu sei o que quero.

---- LUCAS PAQUETÁ ----

📞: Pois é, parceiro, não entendo essa mina

📞 Vinícius: Uai, não entende por qual motivo? Você a beijou, mas ela não retribuiu. Nesse caso, quem não deveria ser entendido é você

📞: Que isso, cara. Jogou na cara assim, mas eu sei, eu sei que posso ter sido precipitado, mas não ligo

📞 Vinícius: Não liga? Tá de sacanagem, né? Pera um instante

📞: Vini? Ei, o que foi, volta

Antes que eu possa raciocinar, uma batida frenética ecoa pela minha porta. Já saquei tudo. Desligo a chamada e vou atender à porta.

- Porra, não liga??

- Não vou discutir isso no corredor, então faça o favor de entrar no quarto, Vini. - Dou passagem para o garoto entrar e fecho a porta logo em seguida.

- Ok, agora me explica.

- Só fala baixo que as paredes têm ouvidos. – Digo, apontando para a parede colada no quarto de Antony. – Antony está aqui do lado.

- Tá, tá, mas vai. Conta tudo, trouxe uns jogos se quiser. Sabe, para esfriar a cabeça.

Concordo, ligando o videogame e conectando o jogo que ele trouxe. FIFA, para variar. O noto me observar e dou uma leve bufada. Parece que não vou escapar.

- Não, você não vai fugir dessa. – Diz convencido, me fazendo o encarar surpreso. – O que? Te conheço há anos, sei o que passa nessa cabeça de vento.

Depois de atualizar e arrumar o videogame, o entrego um controle e me sento ao seu lado, começando a explicar tudo.

- Caralho, pode até virar atacante depois dessa. Mas você sabe se ela é comprometida? – Pergunta com certo receio e eu simplesmente travo. Não sei, não faço a menor ideia. – Porra, moleque.

- Eu não pensei nisso, tá legal? Só fui...

- Amante não tem laaarrr – começa a cantarolar, novamente me provocando. – Mas sério agora, você sabe que a FIFA não aceita essa parada de relacionamento entre jogador e equipe, não sabe?

- Sei. Ela fez questão de lembrar. Mas na moralzinha mermo, acho que ela nem quer nada.

- Que isso, lek? Cade a autoestima do Paquemito?

- É sério, Vini. Ela nem veio aqui dizer o que quer ou não. – desabafo, desapontado.

- Ah, meu parceiro, "as muié são complicadas, por isso prefiro ser cachorrão" – imita Richarlison, fazendo aspas imaginárias com seus dedos.

- Larga de ser besta, rapaz.

- Desculpa. Mas ó, relaxa. Ela só deve estar pensando e ingerindo tudo que aconteceu. Você foi apressadinho demais? Foi, mas já passou.

- Vini, você por um acaso tem experiências com mulheres?

- Claro, o pai é estourado, mané.

- Mulheres de verdade, sem contar com personagens fictícios.

- Ah, aí não. Sou pior que o Ney.

- Então por que diabos você tá me aconselhando?

- Não tá claro?

- Deveria estar?

- É só porque você, mesmo sendo mais velho, é claramente mais emocionado.

- Ih, sai fora. – e assim foram as últimas horas da noite. Fomos conversando sobre tudo, até que eu ganho no jogo.

- TOMA, DISTRAÍDOO. TEM ATÉ DIREITO A DANCINHA, Ó, Ó, Ó – aponto para meu personagem no videogame que fez o gol e imito a dancinha que ele faz.

- Não valeu.

- Que? Sai pra lá, olho gordo.

- Ridículo.

- Chorão.

- Emocionado.

-Po, pegou pesado agora. Vou até dormir depois dessa.