Capítulo 36 - Parte 1

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---- DUDA FOURNIER ----

Começou o jogo. Me desligo completamente dos comentários que Adenor já está a fazer com o preparador físico ao meu lado e resolvo depositar 100% da minha atenção apenas no jogo.

Os primeiros 15 minutos passam voando. Nenhum gol. Brasil minimamente inferior à Seleção Croata.

Antes que eu pudesse deduzir algo, consegui ouvir Tite dizendo que planejava substituir Vinícius em determinado momento do jogo por achar que o garoto não estava rendendo, mas fico mais aliviada quando escuto Fábio negando e dizendo que não permitiria que essa conclusão fosse tirada com menos de 30 minutos de jogo.

O jogo está tenso. Mais tenso do que eu gostaria que estivesse. A defesa croata está funcionando melhor do que aparentara em outros jogos, incluindo amistosos.

Aos 16 minutos, tivemos nossa melhor oportunidade até agora. Casemiro arrisca um lançamento para Raphinha de dentro da área, mas esse exagera na força e Livakovic fica com o tiro de meta.

Apesar de ter a maior posse de bola, nossa seleção está encontrando dificuldade em chegar à área da Croácia, que, por sua vez, aposta nas respostas rápidas em contra-ataque.

Fim do primeiro tempo.

0 Brasil x 0 Croácia.

De relance, vejo Adenor saindo de campo desesperado e, aparentemente nervoso. Fábio continua aqui no banco para auxiliar os reservas no aquecimento com a bola. Pelo o que parece, vão haver substituições no início do segundo tempo, mas não tenho certeza.

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Juiz apita.

Dá início ao segundo tempo. Pelo que eu vi nesses 15 minutos de intervalo, Tite ainda não desistiu de tirar Vinícius, o que me preocupa bastante.

Aos 47 minutos, Raphinha apara na ponta direita, rola a bola para Lucas e ele deixa para o meio. Richarlison chega bem e quase consegue colocar para dentro, mas joga para fora.

Nessa altura do campeonato, já mordi a maioria das minhas unhas. Não deveria estar deixando a ansiedade tomar conta, mas o que eu posso fazer? É inevitável. Podemos ser eliminados. Podemos perder tudo o que conquistamos até aqui e, honestamente, esses pensamentos me deixam a mil.

Olho para o camarote e procuro por Bella, que está notoriamente tensa. Ela está com os braços apoiados sobre o vidro e com suas mãos cobrindo sua boca. Levanto os braços com a intenção de chamar a atenção da mais nova e consigo.

Não consigo falar com ela daqui e, por razões óbvias, não posso ir até ela, então apenas levanto meus polegares e faço dois joinhas. Vejo a garota sorrir fraco e retribuir o sinal com seus dedos.

Aos 49 minutos, o Brasil consegue sair disparado na frente, recuperando a posse de bola. Richarlison tem a chance de bater no meio da área, mas fica sem ângulo e acaba perdendo. Nesse momento, toda torcida brasileira – incluindo a gente e os jogadores – levantam os braços indignados com o toque de mão claro de um dos jogadores croatas dentro da área.

O VAR parece pedir uns instantes para verificar o toque de mão, mas viu tudo normal na jogada e disse para prosseguir o jogo.

- Só pode ser brincadeira – vou para a perto da linha branca entre o banco e o campo – PORRA, VOCÊ TÁ CEGO, CARALHO? FOI TOQUE CLARO ALI!!

- Duda, esquece. Senta ali e se acalma. – Tite me puxa de volta.

- Me acalmar? Como você consegue estar tão calmo, porra? Se a gente perder esse jogo...

Mina do Condomínio - Lucas PaquetáWhere stories live. Discover now