Estrela Solitária - Tarlos

OUTRO DIA COMEÇA

OUTRO DIA COMEÇA nessa nova parte da minha vida que se tornou um verdadeiro inferno. Meu irmão, Judd, ama preto, 70% do seu guarda-roupa é composto de roupas pretas. E é onde eu estou agora, em frente ao seu guarda roupa. Decidi que iria usar suas roupas hoje, eu tenho roupas pretas também, mas decidi usar as de Judd, apesar de serem grandes demais para mim.

- O que está fazendo? - Judd me pergunta quando me ver pegando uma blusa sua.

- Vou usar suas roupas hoje.

Quando era criança eu amava usar as roupas de Judd, mesmo que ficassem enormes em mim por conta da diferença de idade. Eu odiava ser o caçula, e usar as roupas de Judd fazia eu me sentir mais velho, eu fingia ser o irmão mais velho. Depois de um tempo eu parei com isso, pois vi que não fazia sentindo, e resolvi aceitar o fato de ser o mais novo na família.

- Ok. Faz anos que você não faz mais isso. – Eu quase podia ver o ponto de interrogação em cima da cabeça dele, por um momento eu realmente pensei que ele ia me pergunta alguma coisa, mas ele simplesmente se vira e sai do quarto.

Essa manhã eu decido não inventar nenhuma desculpa e simplesmente sair de casa sem tomar o café da manhã, o problema não era nem mais o fato de eu não conseguir comer, o real problema é que eu não consigo mais olhar por muito tempo para minha família, então passar muito tempo com eles na mesa é uma tortura. Sei que eles podem dizer que está acontecendo algo de errado comigo, mas não perguntam o que é, esperando que eu conte. E o fato de eu não querer contar torna os nossos momentos em família desgastantes. Então decide pular todos os cafés da manhã e ir direto para a escola.

Apesar de tudo ter acontecido há poucos dias eu já estava acostumado com os olhares das pessoas. Enquanto estava no meu armário eu podia sentir os olhos de Paul em mim, então não foi nenhuma surpresa quando fechei a porta do armário e dei de cara com ele.

- OI, Paulo. – Digo depois de ele ficar me encarando por alguns segundos. Por dentro eu estava orando para que Paul falasse normalmente comigo sem me julgar por algo que eu não fiz.

- Eu passei esses dias me questionando o que aconteceu, até chegar à conclusão de que você nunca faria uma coisa dessa. Então, TK, o que realmente aconteceu? – Um sorriso quase surge meu roso, é bem a cara de Paul ser o primeiro a notar que algo estava errado. – E por que você está nos ignorando?

- Eu não traí o Alex. - Torci tanto para que alguém acreditasse em mim, era só uma pessoa, mas já fazia uma enorme diferença. – Eu fiquei com medo de vocês acreditarem nos boatos e me deixarem de lado, eu nem li suas mensagens.

- Eu sei que você não o traiu, você nunca faria isso. Mas algo aconteceu naquela festa, nós te procuramos em todos os lugares. – Ele diz - Sei que isso é problema seu e do Alex, mas eu sou seu amigo, eu te conheço e eu vejo como você está triste.

- Foi só o termino, Paul, é por isso que estou triste, eu realmente gostava do Alex. – Eu estou tão cansado de ficar inventado mentiras que apenas digo isso, e torço para que Paul não me pergunte mais sobre isso. – Se você quer realmente saber, acho que nem o Alex acredite que eu o traí. Ele tem agido estranho nos últimos meses, acho que ele queria terminar comigo, ele viu uma chance e a pegou. Eu só não esperava que ele agisse dessa maneira.

- Como? Vocês pareciam tão bem. – Bem é uma palavra muito distante do que eu e Alex estávamos vivendo.

- Isso é porque nós não contamos para ninguém, mas temos mais discutido do que tido uma conversa normal. – Paul olha para mim como se estivesse tentando processar o que eu acabei de dizer. – Nos apenas fingimos está bem na frente das pessoas, acho que terminar foi o melhor.