UMA NOVA MENSAGEM

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UMA NOVA MENSAGEM aparece no meu celular, Carlos, diz o nome. Não tive coragem de apagar seu número. E posso dizer que tenho muito tentado evitar pensar nesse nome, e eu podia jurar que estava quase conseguindo. Não era a primeira mensagem que ele me mandava e tenho quase certeza de que não vai ser a última, as mensagens começaram no dia seguinte depois que ele veio aqui. As mais antigas diziam:

CARLOS

Eu não tive tempo de te pedir desculpas, então. Desculpas.

Sei que não somos amigos e que é chato ouvir isso, mas, eu tô aqui se precisar.

E as últimas diziam.

CARLOS

Eu fiz todo o trabalho e coloquei seu nome, você não precisa se preocupar com isso. Acho que isso é o mínimo que eu posso fazer depois de tudo.

Pode me bloquear ou me falar se não quiser que eu te mande mais mensagens.

Se você apenas ignorar vou levar isso como um tudo bem eu te enviar mensagens.

Não consigo sentir raiva do Carlos ou bloquear ele como ele diz, na verdade, eu nem deveria, sei que não foi culpa dele. O problema é que olhar para Carlos me lembra o que aconteceu, o nome dele me lembra o que aconteceu. E isso é mais do que eu posso lidar no momento. Mas eu não o impeço de mandar mensagem, e eu continuo a lê-las, isso que eu não entendo.

É final de semana, e eu tenho passado o tempo todo com Judd. E desde o ataque de pânico na escola, eu tenho ficado em casa. Meus pais pensaram que era o melhor, e eu não tenho como discordar deles.

Eu tenho mantido os comprimidos sempre comigo, o frasco era pequeno e cabia no meu bolso, não posso correr o risco de alguém o achar. Não preciso dizer que me sinto péssimo por ter roubado um dos colegas de trabalho do meu pai. É que naquele momento de desespero eu não estava pensando direito, e agora, por mais que eu tente, não consigo me livrar deles. É um peso reconfortante no meu bolso, no momento em que as coisas estiverem demais, eu só preciso enfiar a mão no bolso.

É uma briga na minha mente, ao mesmo tempo que parece algo fácil, só dois pequenos comprimidos no meu boço, parece também que eu estou preste a fazer algo que vai acabar com aminha vida.

E em uma tentativa de parar os pensamentos me minha mente, acabo por estar no meu quarto procurando uma série para assistir na Star+. É o que minha vida se resume agora, no meu quarto. E de repente eu sinto um travesseiro bater no meu rosto quase derrubando o meu notebook.

- EI! – Grito quando vejo o Judd na porta do quarto. – Judd, o que você está fazendo?

- Vamos sair. – Ele diz.

- Não, obrigado. – Volto para a tela do notebook. – Estou ocupado assistindo Star+.

- Corta essa TK, te espero lá embaixo. - Reviro meus olhos sei que o Judd não vai desistir, então não vejo outra alternativa senão descer.

Entro no carro de Judd que se recusa a dizer para onde estamos indo, mesmo depois de eu ter perguntado infinitas vezes. Vejo a cidade passar diante dos meus olhos pelo vidro do carro com desinteresse. Judd para diante de um parque.

- Jura. – Digo, me arrependendo totalmente de ter aceitado isso. – Quando você me chamou para sair eu não imaginei que seria em um parque.

- Eu só queria que você visse isso. – Judd diz enquanto no sentamos em um banco.

- Ver o que? – Pergunto. – As crianças brincando?

- Também, mas eu queria que você visse as pessoas. Me responda. Quando foi a última vez que você saiu de casa para se divertir?

Estrela Solitária - TarlosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora