DA SEMPRE PRA DIZER

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DA SEMPRE PRA DIZER que o seu dia vai ser uma merda quando você recebe uma mensagem de uma pessoa que você não quer, e no meu caso a pessoa era a Dra. Erin. Eu meio que ignorei ela depois daquela mensagem que o Carlos leu, e ela aparentemente faz parte das pessoas que acham que tem o direito de se meter na minha privacidade. A mensagem dizia o seguinte.

Dra. Erin

Olá, Tyler!

Eu só queria saber como você está? Você não tem me dado retorno.

Também queria dizer que eu ainda tenho a amostra de DNA, caso você tenha mudado de ideia.

Não preciso dizer que eu apenas ignorei esta mensagem também, e quando não era mensagem ela me ligava, também não preciso dizer que eu não atendi a nenhuma ligação. Sempre que meu celular apitava, sinalizando uma nova mensagem, eu corria para ver de quem era, por precaução. Se fosse a Dra. Erin eu logo apagava. Não podia correr o risco de alguém mais ver as mensagens. Eu deveria simplesmente bloquear ela ou falar para ela esquecer da minha existência, mas algo no fundo da minha mente diz que eu em algum dia vou precisar de sua ajuda, se eu quiser incriminar o Lucca.

Era terça-feira de manhã, antes da escola, e eu desço para o temível café da manhã em família, eu não diria que meus pais estão me ignorando, mas eles não estão mais sendo os mesmos, recebo algumas olhadas dos dois de vez em quando por cima de seus pratos na mesa durante o café. Isso estava me mantando, é pior do que eles estarem realmente com raiva de mim, a decepção é tão visível. Eu tinha pedido desculpas para eles ainda no sábado na mesa na hora do jantar, desculpa essa que eles dizem ter aceitado, e depois de 3 dias, aqui estamos.

Fica apenas Judd e eu depois que meus pais saem, ele também não tinha dito nada diretamente para mim durante o café da manhã, pelo menos ele não estava me ignorando. Decepcionado ele com certeza está, porém ainda me trata da mesma forma. E para completar eu tinha uma prova muito importante naquele dia, e não tinha conseguido estudar direito pois fiquei o final de semana inteiro me sentido culpado.

- Eles não estão fazendo por mal, eles só estão preocupados, nós estamos preocupados. – Ele diz, e passa a mão no meu cabelo, bagunçado ele. – Se apresse, eu vou te levar para a escola.

- Não faz isso. – Digo e tento arrumar meu cabelo.

- Eu não quero ser chato nem nada. – Diz Judd, quando já estávamos no carro. - Mas quando é que você vai apresentar esse garoto, Carlos, para a gente?

- Você sabe que não estamos namorando. – Digo. – E sinceramente a última coisa que eu quero é que nossos pais coloquem limites no que Carlos e eu temos.

- Eles não fariam isso.

- Eles fizeram com Alex.

- Alex é outra história. – Judd para na frente da escola. – Nunca gostamos de Alex, era a forma deles de te protegerem.

- Alex nunca fez nada, e eu também não quero que Carlos entre mais nessa bagunça do que ele já está. – Abro a porta do carro e me despeço de Judd.

O corredor estava um caos naquela manhã, era quase impossível não trombara com alguém, e é nesse mar de pessoas que eu vou driblando até chegar em Carlos. E me sinto melhor imediatamente, até esqueço que vou tirar uma noto terrível na prova de hoje.

- Ei. – Digo.

- Ei. – Carlos diz. – Como você está depois de sábado?

- Não estão as melhores, as coisas com os meus pais, eles praticamente nem olham nos meus olhos. – Falo. – Acho que não acreditam em mim, sobre aquela coisa, você sabe.

Estrela Solitária - TarlosOnde histórias criam vida. Descubra agora