Pete

901 119 8
                                    

Filho da puta.
Isso é tudo que consigo pensar quando vejo o meu chefe. Todos os dias ele atormenta a minha vida, como se ela por si só já não fosse ruim.

— Sr. Sanguetae cadê a roupa limpa que eu pedi?

— Vou buscar mais tarde.

Ele me olhou e eu já estava me preparando para escutar suas ordens imbecis.

— Eu preciso dela agora.

— Posso ir buscá-la nesse instante, mas vai demorar cerca de 15 minutos.

— Dê seu jeito, quero elas antes da próxima reunião fora da empresa.

Assenti e ele saiu, quando olho para conferir o horário da reunião em questão eu percebo que falta apenas 10 minutos. Saio correndo indo em direção ao meu destino, dentro do elevador eu ligo para a lavanderia e peço que eles deixem a roupa pronta para mim pegar, mas cobram uma taxa muito alta. Todo o trajeto de ida e volta durou um pouco mais de 10 minutos. Bati na porta dele e dei de cara com sua visível irritação.

— Você está atrasado!

— Sinto muito senhor, aqui está a roupa. Eles cobraram um taxa.

— Uma taxa que eu sei que você ficará feliz em pagar. Afinal, a culpa foi sua por não ter lembrado da reunião que eu usaria ela.

Congelei e não protestei, eu sabia que ele sempre tentaria colocar a culpa em mim. Eu não lembrei, porque, ele não me avisou. Fecho a minha mão em punho e penso que não posso gastar nenhum centavo a mais do meu orçamento, mas não adianta discutir.
Na verdade eu não posso discutir, preciso desse emprego, onde praticamente quase todo o meu salário vai para pagar a casa de repouso da minha avó, tudo o que eu faço e aguento é para mantê-la bem cuidada. Se minha avó está feliz, eu não me importo de sofrer para assegurar isso.

— Sim senhor.

Prendi a respiração e me movi pelo escritório, deixei a roupa no seu devido lugar e me retiro de lá. Suspirei.
A minha vida não poderia ficar pior.

Sentando na minha cadeira eu escuto o meu celular tocando, vi que era da casa de repouso e atendi imediatamente.

— Oi.

— Pete Saengtham?

— Sim, eu mesmo.

— Precisamos falar sobre a renovação de contrato e as mudanças que serão inseridas.

Ai meu Deus. Não pode ser o que eu estou pensando mas, infelizmente é sim. O homem ao telefone começou a me explicar todas as mudanças e informou a mudança no preço.

— O quê? Tudo isso?

— Sim.

— Mas são 2,000 bahtes.

— Ela está sendo cuidada por profissionais excelentes, o espaço onde ela fica é grande e confortável.

Fiquei em silêncio por algum tempo. Onde eu iria achar esse dinheiro? Terei que arrumar outro emprego? Mal tenho dinheiro para comer e aparentemente tenho que reduzir mais.
Sacrifícios. Não posso deixar que a minha avó seja negligenciada, as outras casas de repouso são horríveis. Ela precisa daquele espaço, o ambiente era perfeito: claro e aconchegante. As enfermeiras cuidavam bem dela e eram amáveis.

— O senhor ainda está na linha?

A voz do homem me tirou dos meus pensamentos.

— Sim.

— Vou lher enviar o resto das informações pelo e-mail, o senhor vai querer continuar com o plano?

— Sim.

— Ok, obrigado pelo seu tempo.

Depois de desligar a chamada eu fiquei mais uma vez perdido em pensamentos sobre como arrumar mais dinheiro. Não vai ser nenhum pouco fácil. Minhas roupas e meus sapatos já estão bem desgastados e se eu aparecer só o trapo na frente do meu chefe é capaz dele me comer vivo. Suspiro. Ainda bem que ainda tenho um mês para correr atrás.

Meu atual emprego me paga bem, na verdade eu sou o assistente que mais recebe bem, porque, não é fácil lidar com o meu chefe. Comecei na empresa trabalhando para outra pessoa e um dia o sr. Gun me ofereceu a vaga para trabalhar como assistente do sr. Theerapanyakul que tinha a fama de ser cruel e sempre demitir seus assistentes em menos de um mês. Como meu salário ia aumentar eu aceitei sem pensar duas vezes, acreditava que ele não poderia ser tão ruim.

Como eu estava enganado. Fui muito iludido em acreditar que ele fosse um pouco humano. Apesar de tudo já estou aqui há mais de 1 ano, ele já tentou se livrar de mim de todas as formas. Minha sorte é que o único que pode me demitir agora é o sr. Gun. Este em questão sabe que eu sou o único que vai aguentar o sr. Theerapanyakul por muito tempo. Que escolha eu tenho? Nem terminei minha graduação e um emprego de atendente de caixa não pagaria nem 40% do valor que eu gasto com a minha avó todo o mês.

Eu realmente estou cansado. Olho para o meu relógio e vejo que já está na hora de ir para "casa". Organizo minhas coisas e levanto para ir embora. No caminho eu sinto o cheiro de espetinho de porco, viro e vejo uma barraca com dezenas deles. Minha barriga começa a roncar e quando coloco a mão no meu bolso esquerdo eu lembro da ligação de hoje mais cedo, não posso me dar ao luxo de gastar meu dinheiro com essas coisas.

Depois de caminhar mais alguns quarteirões eu finalmente chego onde eu moro. Entrando em casa vou direto para geladeira e encontro uma parte dos ingredientes para fazer arroz frito, mesmo não tendo todos eu dou um jeito para que eu tenha algo comestível em alguns minutos.

A comida estava um delícia, depois de satisfeito eu ligo para a casa de repouso para verificar se a minha avó está bem e desligo depois que a enfermeira me conta tudo o que aconteceu no dia, vovó Meg não teve um bom dia. Ela esqueceu que morava lá e ficou pedindo para ir buscar seu neto na escola, ela só se acalmou horas depois com a ajuda das enfermeiras.

Deito na cama após um longo suspiro, sempre fico triste quando fico sabendo que a doença dela está progredindo cada vez mais. Tento afastar os pensamentos de preocupação e caio no sono. Acordo com o barulho do celular tocando e por impulso eu atendo.

— Humm oi?

Sr. Saengtham.

The ContractWhere stories live. Discover now