Vegas

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Pete me encara por cima de seu café e pega o contrato novamente.

— Desse jeito? Ele cancelou seu período de experiência?

Assinto com a boca cheia de comida. Mastigo, engulo e dou um sorriso.

— Acho que a visitinha do Porsche ajudou.

Ele roe a unha e eu estico o braço, batendo em sua mão.

— Pare com isso.

— Como a visita dele tem algo a ver com isso?

— Pense, Pete. Pense no que ele viu. Nós dois na cama, nos tocando. Brigando e fazendo as pazes. Tenho certeza que ele disse a Gustav para não ter dúvidas sobre nós.

— É, faz sentido.

— Além disso, ele falou que eu fiz um ótimo trabalho, que eu superei as expectativas dele. Foi o jeito de ele me recompensar. - Bebo um gole de café. - Bom, o fim da minha provação e um bônus generoso.

Pete olha diretamente para mim e dá um sorriso caloroso.

— Eu sabia que você ia deixá-los de queixo caído com seu trabalho. Não me surpreende. Você sempre foi brilhante com suas ideias.

O elogio dele faz coisas estranhas comigo. Passo a mão no peito como se eu pudesse sentir um calor emanando dele por conta daquelas palavras. Involuntariamente meus lábios formam um sorriso e a voz que sai de mim é muito sincera.

— Você sempre incentivando. Obrigado.

Mesmo parecendo ser impossível o sorriso dele ficou mais largo, evidenciando mais ainda suas covinhas que de alguma forma mexe comigo. Olho para o prato a minha frente absorvendo a normalidade da situação.

Os casamentos são assim? Os casamentos de verdade? Pequenos momentos de compartilhamento que te fazem sentir inteiro... conectado.

Coloco a mão no bolso e tiro uma caixinha.

— Para você. - Digo com a voz áspera, pegando a caneca.

Ele não se mexeu para pegá-la. Eu nunca conheci alguém como Pete. Minha riqueza sempre foi um ímã para as pessoas com quem eu saía. Elas ficariam me pedindo presentes, às vezes até dando dicas de itens na internet. Praticamente arrancando qualquer dinheiro da minha mão se eu decidisse comprar algo. Mas Pete não.

— Seu bônus. - Insisto empurrando a caixinha para mais perto. - Abra. Não vai morder.

Sua mão treme quando pega a caixa. Ele hesita com ela em suas mãos, como se adiasse o momento. Apreciando o mistério, eu gosto de observar as expressões conforme elas passam por seu rosto.

Seu olhar ganha uma expressão de surpresa ao ver o colar dentro. Assim que o vi, sabia que iria adorar. Era muito delicado, nele havia um pingente em formato de coração com pequenos diamantes incrustados que refletiam na luz, era único e diferente como o atual dono.

Não era a joia mais cara da loja, mas combinava com ele. Gustav até assentiu em aprovação no segundo em que bati o dedo no vidro.

Aquele, por favor. Eu gostaria de ver aquele.

Pete olha para mim.

— Não entendo.

— É um presente, Pete.

— Por quê?

— Porque você merece. - Dou de ombros e toco no envelope. - Nada disso teria acontecido sem você. Eu queria agradecer. - Completo com sinceridade.

É importante que ele acredite em mim, que ele tenha consciência do quanto fez por mim.

— É lindo.

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora